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pensador.info

sábado, 19 de novembro de 2011

* QUEM É PARAENSE ENTENDE ...

1 comentários
*Pai d'égua, gostei! Passe adiante, antes ou depois da chuva da tarde!

Diga NÃO à divisão da nossa cultura!


  * QUEM É PARAENSE ENTENDE ...
   
** ** ***Texto oportuno... nestes tempos em que seremos obrigados a votar opinando sobre a divisão destas terras*...

Texto de *Ruth Rendeiro*:

Sou da terra onde a *Lobrás* se chamava 4 e 4 e se ia lá pra comprar * fechoeclair* e trocar aquele que escangalhou na velha calça que fica no *redengue*. No rumo da Presidente Vargas uma parada para... a merenda no Jangadeiro:garapa e pastel eram os meus preferidos, mesmo que eu me sentisse depois empanturrada, com vontade de *bardear* dentro do ônibus Aero Clube. Às vezes o piriri era inevitável. Mal dava tempo de chegar em casa.


Ahh a minha casa... Morei anos e anos na Baixa da Conselheiro e um dos meus divertimentos preferidos era pegar água na cacimba da Gentil.  Sempre fui meio alesada e deixava boa parte da água pelo caminho. O balde chegava quase sem nada, motivo pra ouvir da minha avó: não te brigo nem te ralho, só te olho.

Na minha terra não se empina pipa, mas papagaio, curica e cangula, sempre olhando pra ver se eles não estão no leso e nunca deixando a linha
emboletar. Depois do laço, a comemoração, maior ainda se cortou e aparou.

Se perdeu, a frase inevitável: *laufoiele*. Era um segurando o brinquedo artesanal feito de qualquer papel, enquanto o outro gritava de longe: larga! E o empinador sai correndo. Não gostava dessa função, sempre me abostava e os meninos eram implacáveis: cheira lambão, a velha caiu no chão e depois ainda me arremedavam...


Peteca ou fura-fura eram mais compatíveis com a minha leseira. Um triângulo desenhado no chão e dentro dele as pequenas bolinhas de vidro. Tirou de lá, ganhou a que saiu ou quem conseguia o tel. No fura-fura era essencial amolar bem a ponta do arame e sair jogando, emendando um ponto a outro sem nunca deixar que o adversário nos cercasse.

Lá na minha terra peixe não fede, tem *pitiú* e quem não toma banho direito tem *piché*. Gostamos de ser chamados de papa-chibé, aquele que adora uma farinha e que faz miséria com ela. Manga com farinha, doce de cupuaçu com farinha, sopa com farinha, macarrão com farinha. Um *caribé* bem quente, ralinho serve pra dar sustança ao doente e um chibé é excelente com peixe fritinho. Farinha só é ruim quando dizem: ihhh ta mais aparpada que farinha de feira !

O *pirão* do açaí é quase um ritual... Pode-se usar farinha d'água baguda ou mesmo a fina amarela, mas nada melhor que uma farinha de tapioca bem torradinha. Depois de tomar uma cuia bem cheia (meio litro em diante), daquele um, tipo papa é inevitável deixar a mesa todo breado e empanturrado. A barriga por *acolá* de tão cheia. Hora de ir para rede reparadora. Uma hora de *momó* é suficiente pra curar aquele despombalecimento.

A gastronomia na minha terra é tudo de bom. *Se não tem pão comemos tapioquinha com manteiga ou pupunha no café, quem sabe até um bolo de milho recém-saído do forno com uma manteiga por cima da fatia, derretendo.* O pão pequeno é careca e o curau, canjica e a canjica, mingau de milho. Tem gente que não gosta e ficava encarnando que esses pratos não são típicos.

Preferem uma unha com bem pimenta ou um beijo de moça bem torradinho.

Na minha infância o doce que mais consumíamos, em frente ao Grupo era o *quebra-queixo*. De amendoim ou de gergelim. O risco era ele cair na panela que sempre havia na boca da molecada. A dor era insuportável! Muitas vezes voltei pra casa correndo, debaixo de chuva pra colocar álcool no dente, adormecer até a panela parar de doer. – Vai na chuva mesmo? – Claro, não sou *beiju* !

Nossa Senhora de Nazaré pode ser chamada de Naza e a erisipela de *izipla*. Cabelos grossos e cortados curtos, viram espeta caju e quem pede muito é *pirangueiro*, filho de *pipira*. É proibido malinar, andar fedorento, ser um pirento inconveniente, desses que arrancam o cascão.


Embora politicamente incorreto, adoro lembrar o "carro da phebo" passando e os lixeiros invocados tendo que ouvir esses gracejos.

Quantas vezes ouvi da minha avó, da minha mãe: - *Só te digo vai*! ou de uma amiga pedindo para que a gente se demorasse mais um pouco: -
Espere o *vinho de cupu*. E o calendário paraense que além do ontem tem o *dontonte* e o *tresontonte* ?


Nos orgulhamos de falar tu e conjugá-lo corretamente, mas quem nunca ouviu essa frase? – Passasse por mim me olhasse, fizesse que nem me visse, nem falasse.

Esse é o meu Pará que querem dividir. Retalhar não só o território, mas as falas, as tradições, a cultura, a sua História. Minha terra correndo o
risco de não ser esse colo materno único, ímpar, que acolhe, que abriga da chuva, que nos enche de orgulho de ser não apenas Belém, mas Alter do Chão, Bragança, Soure, Altamira, Conceição do Araguaia, Ourém, Alenquer, Curucá ...

Talvez os que acreditam que a divisão é o melhor tenham batido na mãe, comido manga com febre e não entendido a metade do que está escrito
aqui !

(RUTH RENDEIRO)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Dorothy Leonard: O conflito produtivo do conhecimento

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Para a professora e especialista em gestão do conhecimento, o processo de inovação deve ser conflituoso, curioso e demanda sabedoria dos líderes nas empresas

Ao tratar da convergência entre a gestão do conhecimento e a gestão da inovação, Dorothy Leonard, professora e pesquisadora da Universidade de Harvard, é pragmática: "há um paradoxo que todo gestor precisa administrar; o conhecimento como um todo capacita e é essencial à inovação, mas também inibe a inovação.

Para explicar tal afirmação, Dorothy conta o caso de uma empresa cujo CEO desejava demitir alguns de seus vendedores avançados, mas não sabia como fazer isso de maneira eficiente. Ao se envolver com o caso, Dorothy descobriu que um dos funcionários não poderia ser demitido sob hipótese alguma, pois ele, sozinho, era mais eficiente do que todos os demais juntos. Em determinada situação, esse vendedor avançado foi capaz de prever um movimento de mercado que colocou a empresa dois anos à frente de qualquer concorrente. E o CEO não fazia idéia disso.

Neste caso, a inovação estava, como na maioria das empresas, concentrada em áreas de pesquisa e desenvolvimento, mas o conhecimento efetivo e globalizado do mercado se expressava de forma mais evidente naquele vendedor e uma vez que a empresa estava esperando a inovação surgir de outro departamento, o conhecimento do vendedor foi inibido e ele poderia, inclusive, ter sido demitido.

Esse exemplo serviu para que Dorothy abordasse, durante sua palestra na HSM Expo Management, o conceito dos deep smarts, que são os conhecimentos mais aprofundados que as pessoas têm sobre determinado assunto.

Todo mundo tem seus deep smarts. Logo, toda empresa os tem também. No entanto, é muito difícil saber qual é o vendedor avançado que concentra esse tipo de conhecimento tão valioso e que pode ser estratégico para a companhia.

Daí a importância de, segundo ela, buscar saber quais são esses funcionários que, com base na experiência de mercado e de vida que têm e em sua percepção única de mundo, fazem a diferença para a empresa.

E mais do que apenas estimulá-los a participar dos processos inovatórios, Dorothy afirma ser estratégico desenvolver mecanismos que preservem esse tipo de conhecimento mesmo que o funcionário vá embora.

Uma das formas mais eficazes de se fazer isso é promovendo o que a professora de Harvard chama de abrasão inovativa. Esse conceito nada mais é do que a união de diversos profissionais em um mesmo ambiente para  que os mesmos expressem seus conhecimentos tácitos.

A idéia, segundo ela, é que exista discordância. "Ao permitir que as pessoas errem, você cria o potencial de abrasão inovativa, afinal, alguém que pensa completamente diferente tem a capacidade de desafiar o grupo", salienta.

Esse tipo de situação também é produtiva para que a empresa não fique exageradamente vaidosa de sua expertise, o que a pode fazê-la não conseguir olhar para as demais possibilidades e oportunidades de mercado. Foi o que aconteceu, segundo ela, com empresas como Kodak e Polaroid, que dominavam o mercado de fotografia analógica, mas que foram incapazes de ser bem sucedidas no mercado de fotografia digital.

Portal HSM
10/11/2011

Insights de Dorothy Leonard