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sexta-feira, 28 de março de 2014

Professor da Harvard questiona memorização e apresenta método motivador de ensino

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Em palestra no Insper, Eric Mazur defende mais prática, questionamento e interatividade em sala de aula 
Você consegue imaginar uma sala de aula em que o aluno pede para o professor parar de falar durante cinco minutos para que ele possa pensar? Ou que ele repita os últimos 15 minutos de aula para que o estudante possa assimilar melhor o conhecimento? Pois para o professor Eric Mazur, da Universidade de Harvard, a falta desse momento de assimilação é o motivo pelo qual o aprendizado não é tão efetivo em salas de aula mundo afora.

Em palestra no Insper nessa sexta-feira, 21, o educador provocou a plateia ao expor, de forma prática e descontraída, exemplos de como a educação pode ser feita de uma maneira diferente, mais estimulante e, como resultado, mais efetiva. "O ato de memorizar algo faz de mim um cidadão melhor?" ele questionou, na tentativa de demonstrar como os professores precisam focar em maneiras de fazer com que os jovens aprendam a pensar sozinhos. "Precisamos educar estudantes para resolver problemas que ainda não existem", disse. Segundo Mazur, a não ser que o estudante consiga transferir o que aprendeu de um contexto para um outro novo, ele não aprendeu de fato.

Exemplo disso, segundo ele, é que no processo de educação há duas fases, a transferência da informação e a assimilação da mesma. E não faz sentido que a primeira, que é mais fácil, seja feita dentro da sala de aula enquanto a outra, mais difícil, é deixada por conta dos alunos para ser feita fora da classe. "Não é irônico que deixemos a parte fácil para ser feita no precioso e curto tempo que temos na sala de aula com eles, enquanto deixamos eles fazerem a parte difícil sozinhos?", questiona Mazur.

Peer instruction
Com base nisso, o especialista mostrou o método utilizado por ele em suas aulas, a peer instruction. Parecida com a sala de aula invertida (ou flipped class), em que os alunos primeiro estudam o conteúdo em casa e depois assimilam de forma prática na sala de aula com o auxílio do professor, a metodologia de Mazur consiste em fazer com que os alunos ensinem o conteúdo uns aos outros na sala de aula e depois se aprofundem com a ajuda do educador.

Assim, ele primeiro expõe o assunto brevemente, questionando os alunos sobre o tema proposto. Então os estudantes devem responder, cada um com um aparelho que funciona como um controle remoto, a resposta que consideram correta. Em seguida, o professor dá alguns minutos para que eles conversem com colegas que responderam algo diferente deles, para que um argumente para o outro sua resposta, mantendo ou mudando sua opinião e votando novamente em qual consideram correta. 
Segundo Mazur, o nível de acerto é muito maior depois desse processo, e os alunos entendem melhor o assunto proposto e também assimilam mais o conhecimento. Além disso, o método de questionar e tentar descobrir por conta própria qual é a resposta é muito mais estimulante do que o professor falando e transmitindo conhecimento. "É incrível como você consegue ligar novamente a curiosidade desses alunos", diz Mazur.

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quinta-feira, 27 de março de 2014

Site oferece mais de 400 livros e textos de Administração para download grátis

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Coleção do Domínio Público abrange títulos de diversas áreas da Administração que podem ser bem úteis para estudantes e profissionais

Redação, Administradores.com, 26 de março de 2014, às 11h21
Thinkstck


O site Domínio Público, destinado ao arquivamento de textos livres de copyright, conta com uma vasta biblioteca de livros e textos de Administração. São 439 títulos, a maioria em português, referentes a vários assuntos dentro da área.

Um dos destaques é a série "Estudo da competitividade da Indústria Brasileira", publicada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), que conta com 81 publicações sobre tributação, setor têxtil, biotecnologia, macroeconomia, dentre outros. Sem dúvida uma ótima fonte para pesquisas bibliográficas.

Veja aqui a coleção e refine a pesquisa com palavras-chave para melhores resultados.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Mudança climática já é parte dos modelos estratégicos centrais de empresas globais

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Economia
25/2/2014 - 11h55
por Sérgio Abranches, da Ecopolítica
mudancasclimaticas 300x209 Mudança climática já é parte dos modelos estratégicos centrais de empresas globais

As maiores empresas globais estão mudando de atitude com relação à mudança climática. Já incluíram a mudança climática como um fator de risco real em suas decisões. A maioria já avalia seu risco climático e desenvolve mecanismos de gestão desse risco. A primeira reação havia sido a de negar sua existência, ou a possibilidade de levá-la em consideração em seus cálculos e estratégias centrais. Depois, passaram a tratar a mudança climática como uma incerteza sobre a qual nada podiam fazer. Agora ela está no centro de suas decisões estratégicas.

Como se dá essa gestão de risco? Do mesmo modo que as empresas manejam seus riscos financeiros, econômicos, regulatórios e políticos. Tomam medidas preventivas, tentam se adaptar ao ambiente de risco, tornando-se mais resilientes, mudam suas estratégias para considerar o impacto possível desses riscos. Investem em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e métodos de operação que lhes permitam reduzir sua vulnerabilidade aos riscos.

Pesquisa revelou recentemente que 29 grandes empresas usam preço sombra para o carbono em seus modelos financeiros para avaliar o risco climático. O governo Obama também usa um preço para o carbono, um custo social do carbono, para orientar as decisões regulatórias da agência ambiental EPA, que fixou em US$ 36.00 a tonelada. A lei do ar limpo obriga a regulação a se basear em análise de custo-benefício e uma ordem executiva (espécie de decreto presidencial) regulamentou esse processo pelas agências, ficando a "filosofia regulatória do governo federal", segundo a qual cada agência deve fazer estimativas que lhe permitam arrazoada determinação de que a regulação justifica seus custos.

Por que as empresas estão fazendo isso? Porque quando elas examinam o que os cenários de mudança climática mostram como futuro provável e verificam que alguns deles afetariam diretamente sua lucratividade. Eventos extremos cada vez mais frequentes, variabilidade climática imprevisível são fatores concretos de risco que rompem frequentemente as cadeias de suprimentos. Empresas, por exemplo, que dependem de água, já perderam muito com a escassez de água em várias regiões, com o aumento e a severidade da seca desde 2004 e com enchentes cada vez mais violentas, a cada dois anos.

Empresas que usam algodão, no vestuário e na produção de equipamentos esportivos, ou milho e soja, para ração ou como matéria prima alimentar, estão em alerta após oito anos consecutivos de quebras de safra em vários países grandes produtores por causa de eventos climáticos extremos. E podemos estar entrando no nono ano em que essas perdas podem voltar a acontecer. Outro exemplo é o de empresas em áreas de furacões e tornados, que estão ficando mais destrutivos. Esses eventos extremos reduzem a oferta de produtos agrícolas de que dependem, interrompendo as cadeias de suprimento e os fluxos logísticos (por causa de danos no sistema de transporte e interrupção do tráfego), elevando significativamente os custos de produção e, consequentemente, o preço final.

Elas veem o que está acontecendo como uma prévia dos extremos climáticos que vêm por aí.

O risco climático acendeu, definitivamente, uma forte luz amarela no painel de controle das maiores empresas globais. Tudo começou com as seguradoras, que já perderam muito com o pagamento de seguros por danos materiais associados a eventos climáticos extremos. Elas começaram a pressionar seus clientes para avaliar seu risco climático e tomar medidas a respeito. As empresas que não avaliam seus riscos têm dificuldade em comprar seguros ou devem pagar um prêmio proibitivo. Depois vieram os investidores que olham a mais longo prazo, como os fundos institucionais e os grandes fundos de pensão independentes. Também começaram a ameaçar retirar de seu portfólio as empresas que não avaliassem adequadamente seu risco climático e não o incorporassem ao seu bottom line, a linha que determina sua taxa de retorno. O risco climático é visto, hoje, como disruptivo das operações das empresas, danoso às suas taxas de retorno e passíveis de reduzir seu horizonte de vida rentável.

Por outro lado, do ponto de vista da equação financeira, as empresas já não têm dúvida de que o custo do carbono se imporá e aumentará, elevando, também, o custo da energia.

Na última reunião do Fórum Econômico Mundial, houve uma sessão inteira, toda a sexta-feira, dedicada apenas à ameaça climática.

As práticas de gestão de risco das maiores empresas globais já estão contribuindo para a formação de um preço de carbono de mercado que, no futuro, pode vir a ser usado para calcular impostos sobre o carbono. Entre os economistas que colocaram a mudança climática em seu radar, já não há mais dúvidas sobre seu impacto econômico negativo e sobre o efeito econômico positivo das ações de gestão do risco climático, que aumentam o investimento em tecnologias e energias de baixo carbono ou carbono-zero. São as áreas de maior dinamismo da economia em várias países, e com melhores perspectivas de longo prazo, e geram mais e melhores empregos. Agora é uma questão de investir para reduzir os efeitos econômicos e financeiros e aumentar os benefícios decorrentes das mudanças que acabam tornando as empresas mais resilientes, mais competitivas e mais eficientes.

As empresas não estão ficando boazinhas. Falhas de mercado também têm impacto negativo sobre cadeias produtivas, cadeias de suprimento e cadeias logísticas. As grandes corporações globais continuam operando com a filosofia do interesse próprio e da ideologia empresarial do "lean and mean", do tamanho ótimo e da máxima agressividade empresarial. É da natureza do animal e do seu ambiente, o capitalismo. Mas, quando algo de alto interesse coletivo atinge seus interesses particulares centrais, passa a ser problema delas e não apenas da sociedade. Elas preferem resolver o problema por conta própria a ter que enfrentar intervenções regulatórias cada vez mais exigentes.

* Publicado originalmente no site Ecopolítica.
(Ecopolítica)

O declínio da classe média

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Não concordo com tudo o que este Sr. propõe e tem um parágrafo que deve ter tido um ruído na edição porque ficou meio sem pé nem cabeça, mas o tema é interessante.

Economia

25/2/2014 - 12h00
por Roberto Savio*
economia 300x201 O declínio da classe média

San Salvador, Bahamas, fevereiro/2014 – Atualmente se reconhece amplamente que a divisão entre Norte e Sul do mundo, que se formou após a era colonial junto com a coalizão dos "novos países" contra as potências do Norte, acabou com a chegada da globalização.

Hoje há partes do "Terceiro Mundo" no Norte e partes do "Norte" no Sul. O mundo já não é bipolar, com duas grandes potências que criaram a outra grande divisão: Leste-Oeste. Nos encontramos em um mundo multilateral, onde uma abundância de siglas (Brics, G-20, TTP, etc.) mostra a presença de numerosos atores.

Apesar da irrelevância atual da divisão Leste-Oeste (embora o presidente Vladimir Putin instrumente uma astuta estratégia para manter a Rússia como um competidor mundial, em lugar de aceitar ser apenas um ator regional), a divisão Norte-Sul se mantém no plano cultural, enquanto o comércio e, especialmente, as finanças são poderosas forças de integração.

No âmbito cultural, as pessoas do Norte continuam tendo uma visão geocêntrica do mundo e as estatísticas mostram que só uma pequena quantidade de produtos culturais flui do Sul para o Norte. O grande caudal é intercambiado entre Estados Unidos e Europa. Além disso, em termos políticos, as duas metades do Norte interagem muito mais do que com o Sul.

O crescimento da China e da Ásia, como centro nevrálgico do século 21, não se reflete em absoluto no campo da cultura e da política. Os brancos conservam um senso de comunidade, que a campanha contra os imigrantes continua reforçando.

Enquanto maior é a perda de importância do Norte no novo mundo multipolar, a reação é se refugiar no populismo, em partidos xenófobos e nacionalistas, que sonham com uma volta aos velhos tempos. Isso explica o surgimento de novos movimentos políticos como o Tea Party nos Estados Unidos e agrupações similares que terão um grande papel nas próximas eleições europeias.

No intercâmbio político e cultural o centro do Norte continua sendo os Estados Unidos. Seus cidadãos não estão muito interessados na Europa, considerada um mundo diferente, que tenta proteger o bem-estar e onde há uma tintura de socialismo (Rush Limbaugh da Fox News acusou o papa Francisco de "inculcar marxismo puro"). Ao contrário, a Europa olha com atenção para os Estados Unidos.

Portanto, nesta era da globalização neoliberal, o que ocorre nos Estados Unidos ainda tem muitas possibilidades de ecoar na Europa. Nenhum exemplo é mais contundente do que o setor financeiro.

Os bancos europeus estão se comportando cada vez mais como os bancos norte-americanos e para eles Wall Street é o ponto de referência em conduta e estilo. Segundo a Associação Bancária Europeia, em 2013, cerca de dois mil banqueiros deste continente (1.186 só na Grã-Bretanha) ganharam mais de um milhão de euros.

Também na indústria observa-se uma brecha crescente entre o que ganha um chefe e seus subordinados.

Essa tendência, que nasceu nos Estados Unidos e depois se expandiu para a Europa, não
mostra em absoluto sinais de desaceleração. Por esta razão temos que considerar os Estados Unidos como o modelo.

No final de janeiro, o banco  que em 2013 em 74% a de JPMorgan Chase anunciou aumentou remuneração seu presidente, Jamie Dimon, totalizando a espantosa cifra de US$ 20 milhões. Isto por um ano em que o banco pagou US$ 20 bilhões de multa e escapou por pouco de uma acusação de culpabilidade penal.

Alguns dias depois, Francisco González, presidente do Banco de Bilbao e Vizcaya (BBVA), imitou Dimon de forma modesta, ao anunciar que sua remuneração em 2013 tinha sido de US$ 7 milhões. O salário combinado de Dimon e González é equivalente à renda anual média de 2.250 pessoas jovens das duas regiões.

Recentemente, o New York Times publicou uma reportagem com o título "Os vendedores perguntam: para onde vão os adolescentes?", na qual informava que as compras de roupas pelos adolescentes norte-americanos cairiam 6,4% entre o terceiro e o quarto trimestres.

A taxa de desemprego dos norte-americanos de 16 a 19 anos é de 20,2%, muito acima do índice nacional de 6,7%. Porém, isto seria um sonho na Europa, onde o desemprego juvenil é muito maior.

Um estudo constatou que na Itália a maioria dos solteiros maiores de 35 anos continua vivendo com seus pais. E outros dados mostram que as lojas da classe média baixa estão em crise, enquanto as lojas para ricos se encontram em pleno auge.

Como é evidente, a desigualdade social está aumentando. As estatísticas demonstram que quase todo o crescimento nos últimos anos se deu no alto da pirâmide, formada por 1% da população.

A classe média resultante de uma luta centenária pela justiça social e a redistribuição da
renda, está desaparecendo rapidamente.

Segundo um estudo feito pela London School of Economics, dentro de 16 anos teremos retrocedido ao grau de desigualdade social dos tempos da rainha Vitória (1837-1901).

Tudo isto em um contexto de indiferença generalizada das elites políticas, envolvidas em um combate autorreferencial sobre questões do dia a dia.

A única voz que denuncia o atual processo é o novo papa. Em lugar de ser simplesmente
o guardião da teologia e da doutrina, está falando em nome das multidões marginalizadas.

A capacidade de ir além da dimensão cotidiana parece lamentavelmente ausente,
especialmente no Norte. Em 2000, os chefes de Estado de todo o mundo se comprometeram a cumprir diversas metas sociais, os chamados Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que estão longe de serem alcançados.

Isso sem falar sobre os problemas da mudança climática, do desarmamento nuclear, da eliminação dos paraísos fiscais, da incorporação da perspectiva das mulheres e tantas outras questões que tiveram seu momento e agora caíram no esquecimento.

Mas o papa Francisco é coerente e perseverante. Se o sistema não o metabolizar, é possível que continue agitando a vida das elites políticas anestesiadas do Norte.

Envolverde/IPS
* Roberto Savio é fundador e presidente emérito da agência de notícias Inter Press Service (IPS) e editor de Other News.
(IPS)

terça-feira, 4 de março de 2014

Ladislau Dowbor: Educação vista apenas como uma fase da vida que acabou

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Educação
28/2/2014 - 11h26

por Raiana Ribeiro e Pedro Ribeiro Nogueira, do Portal Aprendiz
ladislau2 Ladislau Dowbor: Educação vista apenas como uma fase da vida que acabou
"É preciso dar ao aluno ferramentas para que possa entender o que é relevante e o que não é."

 Gerir o Conhecimento. É como o economista e professor da Pós-Graduação na Pontíficia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Ladislau Dowbor encara o desafio de educar no século XXI. Do escritório da sua casa, em São Paulo, o autor de mais de 40 obras sobre economia, gestão pública e educação falou ao Portal Aprendiz sobre como as inovações científicas e tecnológicas estão transformando os processos de ensino-aprendizagem e obrigando indivíduos, empresas e governos a adotarem novas medidas diante de um mundo regido pela informação.

"Quando falamos em educação a gente pensa em professor, sala de aula e alunos. Eu passei a trabalhar com o conceito de Gestão do Conhecimento, algo muito mais amplo e que envolve deslocamentos profundos. A educação vista apenas como uma fase da vida que acabou. Isso envolve cada vez mais gente, então temos que pensar o acesso e a interação com o conhecimento durante todas as fases da vida."

Para compreender a Gestão do Conhecimento, segundo Dowbor, é preciso considerar três elementos. O primeiro é o fato de o conhecimento ter se tornado o principal fator de produção em todas as atividades econômicas. Já o segundo, encontra nas tecnologias de comunicação e informação (TICs) peças fundamentais para o acesso e troca de conhecimento produzido no planeta. E o terceiro vê na emergência do princípio da colaboração uma mudança de paradigma nas relações entre aqueles que produzem conhecimento.

"Se eu te dou meu relógio eu fico sem ele. Se te passo conhecimento, ficamos ambos com ele. O uso não reduz o estoque, o que muda radicalmente todos processos econômicos, porque rende muito mais colaborar do que se esconder atrás de royalties, patentes, copyrights e coisas do gênero. Isso gera potencial para evoluirmos da guerra econômica, da desigualdade, da hierarquização para uma democratização geral", afirma ele.

Essa nova lógica tende a mudar radicalmente o papel do professor. De acordo com Dowbor, não faz mais sentido pensar a transmissão de conhecimento da cabeça do educador ou da apostila, do livro, para a cabeça do estudante. "É preciso dar ao aluno ferramentas para que possa entender o que é relevante e o que não é, para que aprenda a organizar sua memória cientifica." Nessa perspectiva, acrescenta o economista, o professor se converte em um articulador de potenciais.

A Escola
Ora, se o conhecimento está em todas as partes, qual será a função das escolas no futuro? A resposta parece simples, mas o número de experiências pelo mundo que já conseguiram ressignificar o espaço escolar denuncia o tamanho do desafio. Para Dowbor, a saída é cada vez mais a escola assumir o papel de articuladora do conhecimento e formuladora de perguntas.

"A grande questão é como formular a pergunta certa. Quais conhecimentos eu preciso ter para responder essa pergunta? Precisamos decorar menos fórmulas. Por isso acredito que no futuro vai aflorar com muita força tudo que for ligado a metodologias."

Em instituições onde isso já acontece – ele cita a Escola da Ponte como exemplo – os problemas são escolhidos pelos alunos e em função do interesse deles. "Isso faz uma ponte essencial entre o conhecimento e a informação. Quando o aluno está interessado em algo e você dá instrumentos para que ele pesquise, quando se trabalha por problemas e não por matérias, em tempo corrido e não em fatias de cinquenta minutos, quando o professor ajuda nas metodologias e não ensina a resposta, temos então um outro conceito de sala de aula. É como Montaigne escreveu no século 16: "precisamos de cabeças bem feitas, não bem cheias."

Os professores e a escola, segundo ele, precisam rever suas funções. "Ainda estamos na pré-história, enfrentando a liquidação do lúdico e do artístico, da criatividade da criança e de sua vontade de conhecer. Quando você senta o menino por 40 horas semanais, você resolve o problema dos pais, não dele. Alguém que não gosta de uma matéria pode decorar e passar na prova, mas não irá guardar. Os bancos se adaptaram rapidamente ao mundo moderno, porque dá lucro. Mas a educação está no pelotão de trás", afirma.

Para ele, há uma grita social muito forte sempre que há contratações de professores, de inchamento da máquina pública, mas a educação seria o melhor investimento, considera. "O papel do professor mudou mas ele ainda é extremamente necessário. Na Finlândia, são seis alunos para cada docente. E investir na educação pública é o melhor investimento que você pode fazer".

Educação e Desenvolvimento
As conclusões de Dowbor vão ao encontro das resoluções da ONU, apresentadas no relatório "Ensinar e aprender: alcançar qualidade para todos", divulgado no final de janeiro. O documento, que acompanha as metas para a educação mundial, a serem alcançadas até 2015, ressalta que "a educação reduz a pobreza, aumenta as oportunidades de trabalho e impulsiona a prosperidade econômica". Além disso, completa o texto, "ela também melhora a probabilidade de as pessoas terem uma vida saudável, aprofunda as bases da democracia e transforma atitudes para proteger o meio ambiente e empoderar as mulheres".

Nesse sentido, Dowbor reforça a importância de que a educação não seja vista pelos
governantes apenas como um "trampolim" para conseguir um emprego ou elevar salários. "É preciso dar um norte para a educação que vá além da empregabilidade", ressalta. Por isso, o professor propõe uma reflexão sobre o conceito de desenvolvimento, palavra tão alardeada como solução para os problemas do mundo.

Em sua opinião, é preciso deixar de lado o Produto Interno Bruto (PIB) e adotar indicadores que deem conta da qualidade de vida e do avanço de direitos e garantias sociais. "Estamos chegando no limite. Temos sete bilhões de pessoas, com 80 milhões a mais por ano, a TV empurra produtos, um consumismo surrealista que liquida a conectividade das pessoas, que substitui a família por encontro com mercadorias, gerando uma crise social agravada pela desigualdade."

Em lugar de alimentar essa realidade, Dowbor acredita que devemos nos perguntar: "Estamos vivendo melhor? Se sim, não precisa aumentar o PIB. Se você consegue viver de maneira melhor e honesta, acho que é o caminho", finaliza.

Clique aqui para ler a entrevista "Gestão do Conhecimento Local", cedida por Ladislau Dowbor para o livro "Pesquisa-Ação Comunitária: Coleção de Tecnologias do Bairro-Escola", cedida por Ladislau Dowbor para a Associação Cidade Escola Aprendiz.

Conheça o trabalho de Dowbor
Ladislau Dowbor leva tão a sério a ideia de compartilhamento do conhecimento, que criou um site onde disponibiliza toda sua produção acadêmica, além de artigos e notícias que considera de interesse.

* Publicado originalmente no site Portal Aprendiz.
(Portal Aprendiz)