Participe!!


pensador.info

quinta-feira, 19 de abril de 2012

'Pela taxação de ricos e grandes corporações'

0 comentários
Para JEFFREY SACHS, Rio+20 será 'histórica'. Ele pede fim de subsídios ao petróleo e metas para desenvolvimento sustentável
Jeffrey Sachs

flavia.barbosa@oglobo.com.br

ENTREVISTA

Aos 58 anos, o economista Jeffrey Sachs é uma referência internacional quando o assunto é desenvolvimento. Há mais de 20 anos dedicado à construção de políticas de combate à pobreza, ele dirigiu por quatro anos o projeto das Nações Unidas "Objetivos do Milênio". Na última década, Sachs mergulhou no tema dos efeitos das mudanças climáticas sobre o desenvolvimento. Diretor do Earth Institute da Universidade Columbia, em Nova York, e conselheiro especial do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o economista advoga que o nível e o padrão atuais de consumo são incompatíveis com o bem-estar no longo prazo e que são necessárias mudanças imediatas. Sugere taxar ricos e grandes corporações e eliminar subsídios ao petróleo. Sachs vê na Rio+20 a oportunidade única de os líderes globais darem o primeiro passo, com a adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em quatro vertentes: erradicação da pobreza extrema, sustentabilidade ambiental (nas áreas de energia, produção agrícola e urbanização), sociedades inclusivas e boa governança.

- Se isso for acordado, a Rio+20 será histórica. Se não tivermos nem os objetivos, continuaremos no caminho ruim - diz Sachs em entrevista ao GLOBO.

JEFFREY SACHS : A ideia-chave que todos devem entender é que entramos no Antropoceno. A atividade humana no planeta exige tanto do ambiente natural que alterou dramaticamente os principais sistemas da Terra. Fizemos isso inadvertidamente, como subproduto do crescimento da economia e da população. Temos sete bilhões de pessoas, e outro bilhão chegando até 2024, produzindo, em média, US$ 10 mil, uma atividade econômica global de US$ 70 trilhões. Isso é tão grande que está desordenando o clima, acabando com a reserva de água, destruindo habitats, poluindo grandes cidades. O mundo está avançando na agenda do crescimento, o que é compreensível, mas sem prestar atenção à ameaça que isso representa. Por isso, a Rio+20 é tão essencial.

SACHS: Todo mundo vê sua situação econômica, olha para o grupo que está logo acima e pensa: por que não posso ser assim? Isso leva a uma cadeia de desejo e pressão global, e é o impulso mais profundo à política em todos os lugares, que é aumentar as condições materiais. E, incrivelmente, até as pessoas mais ricas estão desesperadas para ficarem mais ricas. Isso parece estar estruturalmente incrustado em nossa mentalidade e na dos políticos. Não conheço um sistema político que não coloque a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e riquezas produzidas em um país) no centro dos objetivos da nação.

SACHS: É extraordinário que um país tenha parado e dito: vamos pensar no real objetivo do nosso desenvolvimento; não é dinheiro, é o bem-estar do ser humano, vamos pensar em como maximizar a Felicidade Nacional Bruta. Mas o Butão está sozinho, os únicos outros países que caminham nesta direção de alguma forma são as socialdemocracias escandinavas. Para todo o resto, o objetivo central recai sobre crescimento econômico.

SACHS: Muitas das maiores empresas fazem extração de recursos naturais. As petrolíferas são as companhias mais poderosas do mundo e gastaram muito dinheiro e esforço para minimizar as ameças das mudanças climáticas. Os políticos ficam divididos entre as pressões da população, que quer mais regulação, e das corporações, que pressionam por menos. Então temos um sério déficit global de consciência e política nesses assuntos (de sustentabilidade).

SACHS: Estou tentando começar com o topo da cadeia, os mais ricos. Porque se você começa pelos pobres, dizendo "ah, não queira tanto", é injusto e indesculpável. Mas se milionários e bilionários agem de forma usurpadora (de recursos), não há desculpa. Estudos mostram que diretores-executivos de grandes companhias costumam não ter os valores sociais que se esperaria deles, como responsabilidade e honestidade. Há muito narcisismo e ganância, e isso polui os valores da sociedade como um todo. Por isso eu apoiei o movimento Ocupem Wall Street, porque ele aponta para a questão certa. Terá um grande efeito se os ricos começarem a dizer: "temos corresponsabilidade com o resto da sociedade, temos que liderar a promoção de métodos sustentáveis de consumo e produção."

SACHS: Energia é o sangue de uma economia, sem o qual ela não funciona. Mas, se a energia está sendo obtida do petróleo, do carvão e do gás natural, estamos arruinando o planeta. Então precisamos de uma transição global para um sistema energético de baixo carbono. Isso levará entre 40 e 50 anos provavelmente, mas é algo que requer ação imediata. A segunda tarefa é o fornecimento sustentável de comida. A produção atual de comida não é sustentável nem suficiente para alimentar mais um bilhão de pessoas. Se pudermos solucionar esses dois problemas, solucionaremos grande parte do desafio da sustentabilidade. Um terceiro desafio é ter sistemas urbanos sustentáveis. O Brasil tem grandes cidades, como São Paulo e Rio, e a China tem mais de cem cidades com um milhão ou mais de pessoas. Essas megacidades são os centros da nossa produtividade, do nosso conhecimento. Mas muitas são profundamente poluídas, com grandes favelas e condições precárias de vida. Felizmente, quando se analisa o que pode ser feito - energia solar e eólica, uso de sementes mais eficazes por agricultores pobres -, há muitas soluções. Não nos falta tecnologia. Uma vez que os valores e a objetividade política existam, podemos usar ciência e boa administração para alcançar resultados.

SACHS: Eu começaria com a taxação dos ricos e das grandes corporações - lembre-se que grande parte dos ganhos de renda nos últimos 25 anos foi apropriada pelos muito ricos. Nos EUA, o 1% no topo leva para casa hoje o equivalente a 23% da renda domiciliar do país. Eles estão vivendo em mansões e têm frequentemente duas, três, quatro casas. Muitos vivem num padrão ostensivo de consumo. Também há muitos subsídios à indústria petrolífera, em comparação ao que há para energia renovável, se é que há algum neste caso. Não é uma surpresa, porque a nova economia não tem poder político.

SACHS: A indústria petrolífera é o mais poderoso lobby nos EUA e no mundo. Trata-se de uma dura batalha, e não estamos ganhando. Não acho que haja alguém muito otimista, pois as coisas não vão bem. O clima já está mudando e já perdemos muitas oportunidades. Temos algumas iniciativas, mas frágeis. A Rio-92 foi um grande sucesso do ponto de vista da legislação internacional, com três tratados sensacionais em mudança climática, biodiversidade e desertificação, mas nenhum dos acordos foi posto em prática.

SACHS: A legislação internacional é um instrumento muito fraco, mas é o único que temos. Não temos um regime de sanções. Tratados são obrigações que os Estados Unidos, por exemplo, simplesmente ignoram quase completamente. Desde a Rio-92, que aconteceu há duas décadas, (os tratados) estiveram nas mãos de advogados, que argumentam sobre o significado de cada palavra. Não estiveram nas mãos de engenheiros, que realmente fazem algo sobre essas questões. Uma das maneiras pelas quais eu espero acabar com este gargalo é tirar esse assunto, na próxima fase (de mudança de padrões), das mãos dos advogados e tentar colocá-lo nas mãos de uma rede global de cientistas e institutos que proponham soluções práticas para o que Brasil e EUA devem fazer. Se a opinião pública se animar com essa abordagem prática, talvez possamos fazer os políticos assumirem responsabilidade. Esta é uma área na qual vou trabalhar nos próximos três anos quase em tempo integral.

O senhor acredita que podem sair acordos concretos da Rio+20?

SACHS: Eu espero que os líderes firmem acordo em um grande tema: o mundo precisa de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs). Eles seriam implementados a partir do fim dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs, em 2015). Se isso for acordado, a Rio+20 será histórica. Se não tivermos nem os objetivos, continuaremos no caminho ruim.

SACHS: Provavelmente, os líderes mundiais vão, na Rio+20, celebrar acordo sobre a necessidade dos objetivos. Depois disso teremos um ano de discussões para estabelecer quais são os objetivos, e a adoção das metas seria ratificada no âmbito das Nações Unidas em 2013. Na minha opinião, os ODSs deveriam ter quatro pilares. O primeiro seria concluir a erradicação da pobreza extrema. Diríamos que os ODMs foram tão bem-sucedidos que devemos ir até o fim, para garantir que todos no mundo tenham uma vida decente. O segundo seria um conjunto de metas para sustentabilidade ambiental: um sistema energético de baixo carbono, fornecimento sustentável de comida e urbanização sustentável. O terceiro pilar seriam sociedades inclusivas, mais igualitárias, sem deixar mulheres, pobres, minorias e regiões para trás. O quarto seria boa governança. Governos de todos os níveis, das comunidades locais à comunidade global, na ONU, devem se comprometer com o alcance do desenvolvimento sustentável. Muitas pessoas sentem que é um pouco ingênuo apenas declarar esses objetivos. Mas a minha experiência diz que declará-los já faz diferença. Vejo os ODSs como complementares aos tratados. Os objetivos são para a sociedade, não para os advogados. Isso é importante porque a sociedade pode se mobilizar e dizer "não gostamos muito dos nossos políticos, não somos advogados, não sabemos o que esta ou aquela palavra significa, mas nos importamos com as vidas de todos e queremos que esses objetivos se concretizem". E esta é uma força muito mais poderosa do que fazer valer tratados. Por isso, precisamos engajar a sociedade civil global nos ODSs.

SACHS: Acredito, pois é a única oportunidade que teremos de sermos bem-sucedidos!

SACHS: O Brasil tem essa imensa realidade, que é ser uma crescente potência da economia mundial, ter larga participação em assuntos como comida, minerais e energia e liderança em tecnologias de ponta, como a fabricação de aeronaves. O Brasil é, inevitavelmente, um ator importante. E tem uma característica única de ter tudo isso acontecendo em um lugar único em nosso planeta, de incrível biodiversidade, belezas naturais e vulnerabilidades. De uma certa forma, o Brasil é a epítome do desafio do desenvolvimento sustentável. Isso é inescapável para o país, que cada vez mais entende que, se o mundo não fizer sua parte, nem o trabalho interno poderá salvar o Brasil. Por ser esse país tão grande, importante e único, o Brasil tem a responsabilidade da liderança (global). Ao ser anfitrião das duas conferências ambientais mais importantes em duas gerações, a oportunidade está dada e é agora.

ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA

NO VESPERTINO PARA TABLET

"O GLOBO A MAIS"

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Mudança nos padrões de consumo, tecnologia verde e sustentabilidade

0 comentários


As projeções de crescimento populacional são menos apocalípticas do que muita gente pensa. O relatório “World Population to 2300”, publicado em 2004 pela ONU, indica que se for mantido o atual quociente médio de crescimento populacional global chegaremos em 2050 com uma população de cerca de 9 bilhões de pessoas, no cenário “mediano”. Neste cenário, a população mundial não vai variar muito depois de 2050, chegando a um pico de 9.22 bilhões de pessoas em 2075, caindo para algo em torno de 8.43 bilhões até 2175 e subindo devagar para 8.9 bilhões em 2300, não muito diferente do ano de 2050.

No cenário mais alto, o relatório da ONU aponta para uma população de 10.63 bilhões em 2050 e 36,44 bilhões em 2300. No cenário mais baixo, os números indicam uma população de 7.41 bilhões em 2050 e 2.31 bilhões em 2300. O relatório está aqui.

O que explica estas diferenças? O próprio relatório da ONU indica que estes são exercícios altamente teóricos, baseados em tendências que podem ser afetadas por fenômenos externos. Mas no geral, os principais fatores que realmente vão influenciar serão a taxa de fertilidade, combinadas com expectativa de vida e taxa de mortalidade. A expectativa é que as taxas de fertilidade globais continuem diminuindo ficando na média um poço abaixo ou no lime da taxa de replacement populacional. A expectativa média de vida deverá chegar a 92.8 anos em 2225. Teremos na média uma população mais velha, vivendo mais e tendo menos filhos.

Se o cenário médio previsto pela ONU se confirma, vai desmentir os apocalípticos que atualizam a teoria malthusiana de progressão geométrica do crescimento população exercendo uma pressão insustentável sobre os recursos naturais. Ainda assim, evidentemente 9 bilhões de pessoas é muita gente. Surpreendentemente se reuníssemos hipoteticamente toda a atual população do mundo em um único lugar, dando a cada pessoa um espaço de 3 metros quadrados, todos os 7 bilhões de habitantes caberiam em um espaço equivalente a 20 mil quilômetros quadrados, pouco menos do que a área do estado de Israel, por exemplo. Entenda o cálculo aqui.

Então, o problema não é especificamente da quantidade de gente no mundo. Obviamente estas pessoas consomem e, portanto, sua afluência exerce grande pressão sobre o meio ambiente. A chegada de milhões de pessoas nos países emergentes ao “paraíso do consumo” representará um enorme desafio em termos de produção de alimentos e exploração de recursos minerais para produção dos bens antes inacessíveis a estas pessoas.

É a velha equação IPAT (Impacto Humano = População X Afluência X Tecnologia), criada para tentar demonstrar os impactos do ser humano no meio ambiente, voltando com força total. O diferencial, agora, é que, embora a população seja um elemento importante, está claro que é preciso dar um enfoque maior na relação mudanças nos padrões de consumo com tecnologias que mitiguem o impacto ambiental e pacotes de estímulos à economia verde.

Evidentemente, novas tecnologias aumentam a pressão sobre recursos naturais, ao deixar os bens a serviços mais acessíveis a mais pessoas. Por isso é fundamental sua relação com modificações nos padrões de consumo. Por outro lado, é justamente a tecnologia que pode encontrar soluções inovadoras para a preservação e o uso mais racional dos recursos naturais e dos bens produzidos. A reciclagem e a conseqüente “desmaterialização”, ou seja, a desconstrução dos bens em suas partes essenciais para reaproveitamento, serão cada vez mais imprescindíveis.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Os negócios sociais representam o futuro do empreendedorismo

0 comentários

No Brasil e no mundo, cresce o interesse de investidores por empresas que combatem a pobreza e outras mazelas com soluções eficientes e lucrativas

Renato Kiyama*<br>renato@artemisia.ong.br
Editora Globo
Ao longo da história, o enfrentamento de problemas sociais tem sido delegado aos governos, às organizações sociais e às ações filantrópicas. Hoje, porém, observa-se um fenômeno mundial: empreendedores fazendo uso da criatividade para desenvolver soluções lucrativas para os problemas causados pela pobreza global. Esse fenômeno não só atrai o interesse de investidores, executivos e estudiosos, como abre uma janela de oportunidades para aqueles que desejam se aventurar numa carreira antes impensável: a de empreendedor social.

O movimento se baseia na premissa de que as empresas podem ter uma relevância ainda maior para a sociedade, desenvolvendo modelos de negócios que ofertem produtos e serviços acessíveis, a fim de satisfazer às necessidades não atendidas dos 4 bilhões de pobres no mundo. O valor social seria gerado a partir da diminuição da “multa da pobreza” — pessoas de baixa renda, sem acesso ao mercado formal, obrigadas a pagar mais por produtos e serviços de baixa qualidade. O economista indiano Amartya Sen, prêmio Nobel em 1998, afirmou que o verdadeiro desenvolvimento consiste em eliminar as privações que limitam as oportunidades para que as pessoas exerçam sua condição de cidadãs. Essa perspectiva muda a maneira como encaramos a pobreza: em vez de partir para uma visão assistencialista de falta de renda, devemos nos concentrar na ampliação das oportunidades de escolha do indivíduo.

Editora Globo
APOIO PARA A BASE | A partir deste ano, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) passou a investir US$100 milhões por ano em empresas que oferecem soluções para trazer benefícios e qualidade de vida a pessoas que estão na base da pirâmide econômica em países da América Latina e no Caribe
Durante 20 anos, acreditou-se que as multinacionais seriam as únicas organizações com competência e recursos para oferecer produtos de maior qualidade e baixo custo para a camada mais pobre. A crença baseava-se, em parte, nos ensinamentos de gurus como C.K. Prahalad e Stuart Hart, especialistas mundiais em negócios para a chamada base da pirâmide. Hoje, no entanto, sabe-se que são as pequenas empresas que detêm o conhecimento e a agilidade para desenvolver inovações para as populações de baixa renda. Casos de sucesso, como os do Grameen Bank, Aravind Eye Care e M-Pesa foram desenvolvidos a partir do trabalho pioneiro de empreendedores perspicazes. A busca por soluções saiu dos departamentos de inovação das multinacionais e passou para as mãos de milhares de empreendedores criativos.

Hoje, um bom empreendedor social tem à sua disposição mais possibilidades. Um relatório elaborado pelo JP Morgan em 2010 estima um potencial de investimentos da ordem de US$ 1 trilhão e oportunidades de lucros de até US$ 667 bilhões durante a próxima década para negócios destinados à população pobre nos setores de saúde, educação, moradia, saneamento e serviços financeiros.

No Brasil, o cenário promete. A população das classes C, D e E, avançou em renda e consumo. Mas ainda há problemas crônicos a serem superados. Dados sobre saúde mostram que 15% da população urbana e mais de 70% da rural não têm instalações sanitárias adequadas e 75% das pessoas dependem exclusivamente do SUS. Apenas 23% da população adulta completou o ensino médio. Este ambiente de economia fortalecida e problemas a serem resolvidos, somado à massa crítica de pessoas talentosas do país, sugere uma perspectiva otimista para o cenário de negócios de alto impacto social.

*Renato Kiyama é coordenador da Aceleradora de Impacto da Artemisia

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Entrevista de Emprego: Os Animais e os Tipos de Personalidade

1 comentários

” Que tipo de animal você gostaria de ser ? “ Com certeza, muita gente já se deparou com essa pergunta na entrevista de emprego.
À primeira vista parece uma pergunta inocente, muita gente pode até achar que ela é feita pelo entrevistador somente para descontrair o ambiente, mas na verdade não: dependendo da resposta dada, o entrevistador pode tirar várias conclusões…
Para o entrevistador, essa pergunta é interessante justamente por isso: por parecer uma pergunta lúdica ( brincadeira, sem muita importância ), o candidato da entrevista de emprego acaba sendo sincero ( se ele estivesse jogando ou usando uma máscara, essa máscara cai na pergunta ).
Confira abaixo algumas das respostas mais comuns dadas a essa pergunta durante a entrevista de emprego e o significado com que esse animal respondido pode ser interpretado do ponto de vista da psicologia:
Perfil do Leão

Leão, Tigre, Leoa, Onça

Quem se identifica com esses animais, os felinos de grande porte, tem um perfil forte de liderança, um perfil agressivo.
São pessoas que tomam a dianteira dos problemas e que gostam de liderar e direcionar equipes. Durante a entrevista de emprego, este é o perfil procurado para profissionais de cargo de gerência.

Perfil do Pássaro

Pássaro, Ave

Quem gostaria de ser um passaro, em geral são pessoas de um perfil flexível e que se adaptam bem à mudança.
São pessoas que prezam muito a liberdade e que vão se adaptar melhor a empregos dinâmicos e que demandam uma certa dose de criatividade. Durante uma entrevista de emprego, este é o perfil procurado para preencher vagas de emprego de cargos de criação.
Perfil da Águia

Águia, Falcão, Gavião

Quem responde águia, falcão ou gavião ( grandes passaros caçadores ) tem um perfil híbrido, é um perfil que tem algumas características dos grandes felinos e algumas características dos pássaros.
Quem se identifica com a águia, além de ter um certo espírito de liderança ( afinal a águia, é forte, caçadora, independente ) também preza a liberdade e gosta de um ambiente criativo. Na entrevista de emprego, este é o perfil buscado para cargos de gerência, mas que demandam uma maior flexibilidade e negociação.
Perfil do Cão

Cachorro, Urso, Cavalo

Quem se identifica com os cães, ursos e cavalos em geral são pessoas esforçadas e sóbrias. Quem tem este perfil psicológico é confiavel e busca sempre fazer o melhor, visando subir na carreira.
Não tem um perfil de liderança, mas podem atuar muito bem em supervisão. Durante a entrevista de emprego este é o perfil psicológico buscado para cargos de supervisão, sub-gerência ou então auxiliar de gerência.
Perfil do Gato

Gato

Quem gostaria de ser um gato, em geral são pessoas inteligentes mas que não tem a mesma capacidade de esforço da personalidade do cachorro.
O principal atributo de quem se identifica com os gatos é a inteligência e capacidade de adaptação a situações ruins. Durante a entrevista de emprego este é o perfil buscado para cargos que demandam flexibilidade em geral.

Tipos de Personalidade na Entrevista de Emprego

Hoje em dia, como quase a totalidade dos profissionais tem a capacidade técnica suficiente para os cargos, é o fator humano que acaba decidindo quem vai levar a vaga na entrevista de emprego.
Conhecer bem o próprio perfil psicológico é interessante por isso também: conhecendo-o as pessoas podem se candidatar aos cargos que melhor correspondem ao seu jeito de ser e assim obter um maior sucesso.
É interessante também lembrar o seguinte: não adianta ler esta reportagem ou outra qualquer e mentir o animal o qual mais se identifica durante a entrevista só para agradar o entrevistador, o melhor é ser sincero, os entrevistadores são treinados para detectar mentiras através da combinação das respostas dadas as perguntas.

Lembrando Prahalad, sobre inovação e sustentabilidade

0 comentários

27/9/2011 - 09h40

por Ricardo Voltolini*
1245 Lembrando Prahalad, sobre inovação e sustentabilidade C.K. Prahalad, guru do management
Para abrir este artigo, recorro a C.K. Prahalad, famoso guru do management, falecido em abril de 2010. Em seu último – e hoje célebre – artigo para a Harvard Business Review (setembro de 2009), o autor de A Riqueza na Base da Pirâmide debruçou-se sobre o tema da sustentabilidade nos negócios. E mais especificamente sobre a sua correlação com a inovação. “Os executivos de empresas vivem divididos entre escolher os benefícios sociais do desenvolvimento de produtos e processos sustentáveis e os custos financeiros de fazer isso”, escreveu no texto assinado também por Nidumolu Ram (InnovaStrat) e MR Rangswami (Eco Corporate Forum), destacando a “falsa” visão dicotômica centrada na mentalidade do “ou/ou”, como se não fosse possível ser rentável e sustentável ao mesmo tempo.

No brilhante artigo, Prahalad menciona estudo com experiências de 30 grandes empresas nas quais a sustentabilidade tem representado um filão de inovações organizacionais e tecnológicas. “Ao incorporar o respeito ao meio ambiente no negócio, a empresa reduz os insumos e, portanto, os custos. Além disso, um processo ambientalmente mais responsável gera receitas adicionais a partir de produtos melhores, permitindo criar novos negócios. Empresas inteligentes estão tratando a sustentabilidade como uma nova fronteira da inovação”, pontificou, com a lucidez de praxe.

Pensador provocativo, o indiano ressaltou o que tem ficado cada dia mais evidente para a maioria das empresas líderes de mercado: a sustentabilidade influenciará o cenário competitivo. Por conta dos imperativos do aquecimento global e do esgotamento dos recursos naturais do planeta, mas também em decorrência do maior valor atribuído ao tema pelas sociedades, consumidores, governos e mercados, as corporações estão sendo impelidas a mudar seu modo de pensar e agir em relação a produtos, tecnologias, processos e modelos. “Ao tratar o tema como um objetivo, as companhias que largarem à frente desenvolverão competências e pressionarão seus concorrentes a também fazerem o mesmo. A vantagem competitiva estará no lugar certo. A sustentabilidade será vista, cada vez mais, como elemento de qualquer visão de desenvolvimento”, explicou Prahalad. Sábio ensinamento.

Ainda de acordo com o estudo de Prahalad, as companhias enfrentam cinco estágios com desafios específicos e adaptações complexas. O primeiro diz respeito a identificar uma oportunidade clara. O segundo, a tornar as cadeias de valor sustentáveis. O terceiro, projetar produtos e serviços sustentáveis. E, o quarto, conceber novos modelos de negócio. O quinto tem a ver com a difícil tarefa de criar “plataformas de próximas práticas”, uma espécie de ampliação do patamar de aspiração, um paradigma além do óbvio, centrado na capacidade de inovação e de criar o futuro não mais a partir de elementos do passado. “Para criar inovações relacionadas a novas práticas, os gestores devem questionar as suposições implícitas nas atuais. Esse comportamento foi o que nos levou à economia industrial e aos serviços de hoje”, diz.

Em reforço à sua opinião, Prahalad lembra que as empresas inventaram carros, aviões e submarinos ao se perguntarem se poderíamos ter transportes sem cavalos, voar como pássaros ou mergulhar como baleias. “Devemos nos fazer perguntas relacionadas com nossos recursos escassos: Podemos desenvolver detergentes sem água? Produzir arroz sem água? As embalagens biodegradáveis podem ajudar a semear árvores?”

Com base em sua provocação, arrisco-me a afirmar que muitas empresas – algumas retratadas na matéria especial desta edição de Ideia Sustentável – já estão tentando construir, na prática, respostas para as muitas perguntas sobre novas matrizes energéticas, economia de recursos, substituição de insumos, redução de materiais, eliminação de impactos ao longo da cadeia de valor, conservação do patrimônio da biodiversidade, arranjos produtivos socialmente mais justos e até a revisão de conceitos de gestão ou o questionamento de estratégias como a da obsolescência programada.

No entanto, esta não é uma transição rápida nem livre de resistências, porque implica subverter a inércia, pensar “fora da caixa”, enfrentar os riscos e os custos do novo. Impõe romper com as amarras do passado, substituindo o modelo mental baseado na ideia da infinitude dos recursos – bem típica da era industrial – por outro que, aceitando os seus limites, incita o gênio humano a criar o futuro com as informações e os valores do futuro.
Abrir mão de um modelo de negócios “consagrado” que conduziu as empresas líderes, ao longo de décadas, com relativo sucesso – vale dizer – exige trabalhar com a dimensão da dúvida e da incerteza. Pressupõe a coragem de desbravar, de sair primeiro, e não no rastro da manada. Ainda que muitas empresas já reconheçam a influência da questão da sustentabilidade na construção de uma nova lógica de prosperidade, compreendendo racionalmente a importância da mudança, nem sempre a realizam com a devida urgência.

É justamente aí que emerge a figura do líder. Do líder que acredita profundamente nos valores da sustentabilidade, que compreende a interdependência entre os sistemas produtivo, social e ambiental, com a ousadia para inserir o conceito na estratégia do negócio sob uma ótica de oportunidade, a coragem para capitanear mudanças diante de resistências e em cenários complexos, a capacidade de comunicar o valor, persuadir, envolver, educar e construir sinergias.
Se inovar para a sustentabilidade é o caminho, está certo que a inovação pressupõe organizações vivas, flexíveis, menos hierárquicas, menos apegadas ao velho binômio do comando-controle e mais educadoras, facilitadoras do diálogo, tolerantes às diferenças. 

Experiências recentes com empresas que avançaram na inovação para a sustentabilidade – como Nike, GE e Siemens – mostram que elas aprenderam a escutar, criaram ambiente favorável para as colaborações vindas das bordas – fornecedores, funcionários, comunidades – e tiveram o cuidado de identificar líderes nas diferentes camadas da organização, estimulando novas formas de valorização de ideias e sistemas de premiação. O mapa é conhecido. Agora, resta segui-lo.

* Ricardo Voltolini é diretor-presidente da consultoria Ideia Sustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade, autor do livro Conversas com Líderes Sustentáveis e idealizador da Plataforma Liderança Sustentável (www.ideiasustentavel.com.br/lideres).

** Publicado originalmente no site Plataforma Liderança Sustentável. 

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Liderando através das competências

0 comentários

O líder efetivo não executa por sua equipe. Não deixa os subordinados aguardando o resultado de suas decisões ou de sua participação em reuniões. Não permite que sejam todos autômatos que só sabem agir sob o comando de suas ordens e parecem dizer o tempo todo “sim, senhor!”. O líder deve conhecer a sua equipe e, continuamente, testar seus conhecimentos, habilidades e competências. Para que possa fazer uso da equipe que dispõe é preciso que delegue autoridade e responsabilidade. Esta é a palavra-chave para o sucesso de liderar através das competências.

O subordinado quer atuar nos limites, sejam eles de responsabilidades sejam eles do respeito e do reconhecimento. E não é apenas para mostrar a você, líder! É natural do ser humano poder dizer a todos em alto e bom tom “fui eu quem fez!”. O líder precisa respeitar e incentivar esta característica humana.


O primeiro passo é ter consciência das atribuições que cabem à sua área, portanto à sua equipe e não apenas a quem comanda. É preciso mostrar à toda organização que o departamento é único e, tem uma voz apenas, em termos de atitudes e ações, que há conhecimento difundido e que todos cooperam para o bem comum.


O segundo passo é mostrar que o líder não tem o papel de infalível, que não há super homem no departamento, muito menos quem o comanda. Todos são seres humanos normais. Com isto é preciso estabelecer limites de atuação que vão além de seguir instruções detalhadas.Cada um tem as suas competências que foram determinantes para ocupar a função que desempenham. Assim, tornam-se responsáveis por conduzir, decidir, interagir em todos os aspectos e circunstâncias em nome da equipe e sob sua responsabilidade.


O terceiro passo é deixar claro que todos devem ter qualidade de vida. É uma premissa que deve ser respeitada.É este o principal fator que determina a qualidade do trabalho e das ações e decisões. Portanto, respeitar os horários de trabalho é a primeira atitude salutar. Ficar além do expediente normal deve ocorrer apenas em caráter de emergências.
Para que isto seja possível é preciso que haja senso de equipe, que se respire equipe. O trabalho deve ser em pares. Um outro profissional deve estar atento a cada passo do que faz aqueles que trabalham na equipe. Com dois responsáveis – o titular e o que responde nas ausências e colabora nas emergências é possível respeitar a premissa estabelecida. Se há excesso de trabalho num determinado período o líder deve discutir com a equipe as soluções e podem trabalhar até mesmo em turnos – assim as atividades têm continuidade para se atingir o objetivo e prazos e, a equipe continua respeitando os horários e a qualidade de vida.
 
A essência da liderança através das competências é o quarto-passo: o líder é a referência para a equipe. Os subordinados devem ser autorizados não apenas a fazer o que tem que ser feito devido às suas atribuições e competências como também devem representar o departamento em quaisquer situações – interna ou externamente. Eles são o elo de ligação entre o mundo que existe além da equipe e se comunicam através deles. Eles falam em nome da equipe. Mesmo sabendo que existirão muitos outros lideres que se posicionarão de forma diferente e venham até mesmo a ter conflitos explícitos é preciso mostrar que o líder verdadeiro tem autoridade sobre a equipe e que todos agem em sintonia com objetivos bem definidos.


Sua presença, portanto, ocorre através de seus subordinados. Internamente, por outro lado, o líder deve ser aquele que completa as diretrizes aos subordinados, esclarece as suas dúvidas e apóia suas sugestões e decisões. E, também convoca ao diálogo aqueles que agem de forma errada seja intencionalmente seja por falta de conhecimento. Com isto o líder mantém o “controle” de sua equipe sabendo o que cada um está fazendo, ensinando aqueles que precisam, apoiando novas idéias e sugestões, nunca desautorizando perante aqueles que interagem com a equipe e, complementando com as diretrizes que vêm da alta direção e são inerentes ao cargo que o líder ocupa.


Liderar através das competências é, portanto, liderar através do conhecimento e habilidades de cada membro da equipe. É transformar a equipe num ser único e admirado em toda a organização.

Há abuso no uso de 'sustentabilidade', diz criadora do termo

0 comentários
22/03/2012 - 09h49
CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS

O conceito de desenvolvimento sustentável e sua irmã, a sustentabilidade, têm sofrido abusos, especialmente das empresas. Quem diz é a mãe das crianças, a norueguesa Gro Harlem Brundtland.

Ex-premiê da Noruega, Brundtland, 73, chefiou a comissão que em 1987 produziu o relatório "Nosso Futuro Comum", onde o conceito de desenvolvimento sustentável foi cunhado. O relatório serviu de base para a Eco-92.
Thierry Roge/Reuters
Gro Brundtland em foto durante uma conferência da OMS em Bruxelas; ela participa nesta semana de fórum em Manaus
Gro Brundtland em foto durante uma conferência da OMS em Bruxelas; ela participa nesta semana de fórum em Manaus

Desde 2007, ela integra juntamente com Fernando Henrique Cardoso, Kofi Annan, Jimmy Carter e outros líderes mundiais o grupo dos Elders, formado por Nelson Mandela para discutir a paz e os direitos humanos.

Ela diz que o desenvolvimento sustentável, aos 25 anos, ainda não foi implementado. E que, mesmo com o sequestro da noção de sustentabilidade por empresas que não têm práticas nada sustentáveis, o par não deve ser abandonado. "Mesmo que alguém inventasse outra definição, e eu ainda não vi isso, eles encontrariam um jeito de fazer mau uso dela."
Brundtland abre nesta quinta-feira (22) em Manaus o Fórum Mundial de Sustentabildade, evento anual que traz lideranças do setor ao Amazonas. Não chegará a se encontrar com FHC, que faz palestra no evento no dia seguinte.

Em entrevista à Folha, ela falou de suas expectativas para a Rio +20.
 
Folha - A sra. não está de saco cheio dessa palavra "sustentabilidade"?
Gro Harlem Brundtland - Para mim a expressão é "desenvolvimento sustentável". Esse é o conceito. Nos últimos dez anos, mais ou menos, as pessoas começaram a usar "sustentabilidade" como uma forma alternativa de dizer. Eu sempre tive muito cuidado em não usar a palavra "sustentabilidade" sozinha enquanto conceito que cobre a visão para o futuro. Nós precisamos de sustentabilidade em diversas áreas, mas também precisamos de desenvolvimento sustentável. E eu não estou de saco cheio disso, porque não aconteceu ainda.
 
A sra. não acha que houve muito abuso e mau uso do conceito? Ele parece ter sido sequestrado por empresas para fazer "greenwash" (dar aparência de verde).
Sim. Acho que há mais abuso quando fala de sustentabilidade. Porque essa palavra foi introduzida depois, num contexto diferente, como se entregasse aquilo que o desenvolvimento sustentável significa. Você precisa olhar cada empresa para saber se elas estão adotando a sustentabilidade ou a responsabilidade social corporativa. Palavras sempre podem ser mal usadas. Mas você não pode simplesmente dizer: "Esse conceito foi distorcido, então deixamos o conceito de lado". Porque eu não acho que nós possamos encontrar uma maneira nova e melhor de descrever do que trataram a nossa comissão e a Rio-92. Não vale a pena reinventar a roda porque alguém a roubou ou tentou roubá-la. Ela vai ser roubada de novo. Mesmo que alguém inventasse outra definição, e eu ainda não vi isso, eles encontrariam um jeito de fazer mau uso dela.
 
Vinte e cinco anos depois do Relatório Brundtland e 20 anos depois da conferência do Rio, o desenvolvimento sustentável entregou o que prometeu? Por que é tão difícil achar exemplos dele na prática?
Eu acho que a totalidade do conceito, a visão dos pilares econômico, ambiental e social numa abordagem integrada de longo prazo, um padrão de desenvolvimento sustentável, não aconteceu em lugar nenhum. Mas muitas mudanças aconteceram, movimentos numa melhor direção. O Protocolo de Montréal, entre a minha comissão e a Rio-92, é um exemplo. O mundo se livrou das substâncias que afetam a camada de ozônio.
 
Mas críticos dizem que isso só aconteceu porque já era de interesse das empresas.
Eu já ouvi isso. Mas acho que a história não é assim tão simples. Acho que as pessoas mais progressistas na indústria entenderam que aquilo não podia continuar. Esse é um exemplo simples, de um único setor, muitos outros casos de sucesso em setores específicos aconteceram. Mas, é claro, não houve sucessos globais semelhantes, e os gases de efeito estufa são um exemplo de abordagem ampla e global que envolve todos os setores da economia. Daí a dificuldade de chegar a um resultado.
 
E, no entanto, o clima não será tratado na Rio +20.
Existem os trilhos da convenção [do clima das Nações Unidas]. Não queremos mais uma conferência do clima no Rio. Depois do colapso de Copenhague, houve no México passos no sentido de os países discutirem cara a cara o que é preciso fazer no futuro. E em Durban, no ano passado, as pessoas se deram conta de que não existe maneira de lidar com a questão climática se você fizer crer que isso é algo que os países da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] podem resolver sozinhos. As emissões da OCDE eram 50% do total mundial, agora são menos de 30%.
 
A sra. é europeia, e os europeus sempre negociaram acordos internacionais com metas e prazos. Durban mudou isso, passou a focar em processos. O Rio aparentemente está nesse rumo. A sra. não acha que isso pode dar à sociedade a impressão de que só se está entregando promessas?
Isso é uma questão de realismo. Os europeus se deram conta de que os líderes mundiais não serão capazes de chegar a esse grau de detalhamento sobre metas e sobre a divisão de quem faz o quê. Mas eu não acho quer a UE vá parar de tentar colocar regras e metas na sua agenda interna. Voltando ao Rio, se nós não chegarmos a acordo sobre as metas de desenvolvimento sustentável, precisamos pelo menos concordar que elas precisam ser desenvolvidas. Talvez também algum acordo sobre as áreas que elas deverão cobrir. Que deve haver um sistema global de regras de desenvolvimento sustentável que se aplique a todos os países.
 
A questão do financiamento ao desenvolvimento sustentável pode impedir um acordo no Rio?
Pode ser. Mas, se você se lembrar do que aconteceu em Copenhague, mesmo sob pressão de uma crise econômica houve um compromisso significativo de finanças. Isso pode acontecer novamente no Rio. A economia agora parece melhor do que há um ano ou dois atrás.
 
Países emergentes como o Brasil reclamam bastante de que os ricos já usaram todos os seus recursos naturais e agora o ônus da conservação ficou conosco. Eles têm razão em reclamar?
Essa litania está aí desde a comissão. E no relatório da comissão nós reconhecemos que não, não podemos dizer ao mundo em desenvolvimento "desculpem, nós já enchemos a lixeira e agora vocês não podem mais jogar o seu lixo". Então nós precisamos transferir tecnologia, ajudar o mundo em desenvolvimento a superar a pobreza, dando dinheiro. Aí a pergunta é: o mundo desenvolvido fez isso? E a resposta é não o bastante. Você pode reclamar de que não tenha havido esforço suficiente para superar essas diferenças, mas não pode esquecer que este é o mundo em que vivemos, nem discutir o que deveria ter acontecido no Reino Unido quando eles começaram a Revolução Industrial.
 
Quais foram os principais avanços no desenvolvimento sustentável nestes 20 anos?
Houve uma mudança considerável no uso de energia, nos padrões de eficiência energética. O que você pode ganhar aumentando a eficiência energética está longe de estar realizado, as coisas estão acontecendo, ainda que lentamente. Este pode ser um dos grandes temas para o Rio.
 
A agenda da conferência está diluída demais?
Esta é uma conferência grande, com muitos países diferentes, muitos interesses diferentes. Você viu o "Rascunho Zero"? Ele é muito fraco. Mas rascunhos zero sempre são fracos. Porque qualquer coisa controversa, que tenha objeção de alguns países, é deletada. Mas eu nunca vi uma conferência internacional que se pareça com o rascunho zero. Quando os países se juntarem, e as ONGs pressionarem, ele será melhorado. E eu prevejo que, na conferência, ele será melhorado ainda mais, em áreas cruciais. Porque países levantam objeções no rascunho zero, deletam coisas, mas aí as forças começam a se mobilizar e essas coisas voltam ao texto.
 
Quais seriam, na sua opinião, os indicadores de que a conferência do Rio foi um sucesso?
Espero que haja acordo quanto à criação de um Conselho de Desenvolvimento Sustentável [na ONU], quanto à instituição de relatórios nacionais regulares de desenvolvimento sustentável com transparência, pelos quais os países prestem contas para o resto do mundo.
 
E o maior risco de fracasso?
Não sei. Há a questão financeira, da qual falamos mais cedo. Mas, sabe, existe muito dinheiro hoje que está parado porque as pessoas têm medo. Quem tem dinheiro não sabe onde investi-lo. Então, uma clareza maior sobre institucionalizar sistemas que possam melhorar o uso de fundos públicos e de investimentos privados muito mais amplos em energia, por exemplo, é uma questão importantíssima que pode sair do Rio. O Rio pode obter um acordo sobre a realocação desse dinheiro, que é necessária e útil: mais empregos, menos energia, menos uso de recursos naturais.
 
Existe algum país que possa liderar na economia verde?
A Coreia do Sul fez muitos esforços nessa direção.
 
Como o Brasil está indo?
O país é tão grande e há tantos aspectos que eu não sei o bastante para responder. Mas muita coisa está acontecendo. Há uma melhora na questão do desmatamento na Amazônia, que pode ser medida. Mas está muito melhor agora do que quando viemos em 1985. Eu me lembro que estive em Manaus com um governador famoso [Gilberto Mestrinho] que achava uma estupidez isso de os ambientalistas virem dizer o que fazer com a Amazônia. Quanto estivemos em Cubatão, aquilo era um dos casos mais graves de poluição industrial. Hoje é um exemplo de como as coisas mudam.

Duas novas chamadas de projetos do TFCA disponibilizam 6,6 milhões de reais

0 comentários

Postado no LinkEdin em 05/04/2012

O Fundo Brasileiro para Biodiversidade (Funbio) abre duas chamadas para projetos de conservação, manutenção e restauração das florestas tropicais. Baseado no acordo bilateral chamado Tropical Forest Conservation Act (TFCA), entre Brasil e Estados Unidos, serão escolhidos, através destas chamadas , projetos que devem ser aplicados, em até 36 meses, em áreas com remanescentes dos biomas Mata Atlântica, Cerrado ou Caatinga. A chamada 02/2012 para projetos de Investimento em Redes disponibilizará R$ 3,3 milhões em até 9 projetos, no período máximo de 36 meses. O objetivo desta chamada é selecionar projetos para o fortalecimento de Redes de ONGs na Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga de forma a fortalecer a sociedade civil, as sinergias e as trocas de informações entre as entidades ambientalistas desses biomas.


A chamada 03/2012 para projetos de Capacitação para Mobilização de Recursos Financeiros disponibilizará R$ 3,3 milhões em projetos de valor mínimo de R$ 100 mil, no período máximo de 24 meses. O objetivo desta chamada é selecionar projetos de capacitação para a mobilização de recursos financeiros, públicos ou privados, para os biomas Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga, de forma a fortalecer a sociedade civil e suas redes, proporcionando novas ações de conservação e restauração nesses biomas.


O TFCA é um acordo que visa diminuir dívidas de países contraídas junto aos Estados Unidos através do investimento destes recursos na conservação e no uso sustentável das florestas. Ele foi aprovado pelo senado americano em 1998 para substituir dívidas externas com os EUA por ações de conservação de florestas tropicais. O acordo com o Brasil é o 16º deste tipo, foi assinado em 2010 e tem duração de cinco anos. O Funbio foi escolhido para administrar a conta do TFCA, que é supervisionada por um comitê de nove pessoas composto por representantes dos Estados Unidos, Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Fazenda, Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional de Biodiversidade, Conselho Nacional de Florestas, e Organização não-governamental ambiental, científica, acadêmica, voltada para o desenvolvimento de comunidades locais, ou de florestas do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. O primeiro edital do TFCA foi lançado no último trimestre de 2011 e apoia 47 projetos com um valor total de R$ 20,3 milhões.


Podem participar da seleção organizações não governamentais brasileiras, associações e outras instituições sem fins lucrativos, com trabalhos voltados para meio ambiente, florestas ou povos indígenas, e instituições de pesquisa e ensino que tenham trabalhos sobre conservação da biodiversidade. Universidades públicas que desejem participar devem fazê-lo através de suas fundações. Redes legalmente constituídas, ou não, também podem participar das chamadas. As instituições proponentes devem enviar propostas para o Funbio até 25 de maio de 2012. Os resultados finais das seleções serão divulgados no final de julho.


A seleção acontecerá em duas etapas. Na primeira os projetos recebidos dentro do prazo serão submetidos a uma análise de conformidade com as exigências, como envio nos formatos requeridos, respeito quanto aos valores máximos e apresentação de contrapartida. Na segunda etapa uma câmara técnica organizada pelo Funbio e pelo Comitê da Conta TFCA avaliará, pontuará e depois encaminhará os projetos recomendados para o Comitê da Conta TFCA que efetuará a seleção final e enviará para homologação dos governos brasileiro e americano.

Networking exige alguns cuidados; tenha atenção e não coloque sua carreira em risco

0 comentários
24/06/2011 - 09h50

Boa parte das contratações hoje em dia tem sido feita por meio de indicações. Embora o tema networking seja abordado em vários contextos diferentes, todos sabem que construir e manter uma rede de relacionamentos é a chave para encontrar o emprego dos sonhos e, por tabela, construir uma carreira bem-sucedida. Não lhe parece razoável, portanto, cuidar do assunto com um enfoque mais inteligente do que o desleixo com que a maioria das pessoas utiliza?

A premissa básica do networking é a de uma relação puramente profissional, não tem nada a ver com amizade. O velho e bom ditado que diz “amigos, amigos - negócios à parte” é verdadeiro na prática do networking, afinal de contas amigos do peito não cobram favores, enquanto integrantes da rede de contatos dependem disso.

Observa-se em alguns profissionais que esta troca de “gentilezas corporativas” está sendo mal interpretada. É importante ressaltar que a prática do networking obedece a regras gerais que não estão escritas em nenhum manual, mas que permeiam as entrelinhas deste jogo corporativo – a regra de não abusar da boa vontade das pessoas.

O despreparo e oportunismo arranham sua reputação perante o mercado. Sua reputação é seu ativo mais valioso, seja no campo profissional ou no pessoal, portanto, faça o networking de maneira ética e prudente.

Reputação é o conceito que os outros têm de você. Ela nasce com a primeira impressão e cresce à medida que as pessoas o conhecem melhor – se você é eficaz, se é sincero, se trabalha bem em equipe, e assim por diante. A confiabilidade é decorrente do seu comportamento: agir de maneira inconsciente ou imprevisível pode acabar com sua reputação.

Neste contexto, parece indispensável levar em consideração algumas situações que podem denegrir sua imagem perante o mercado:
Não cometa o mais comum dos erros, o de pedir algo já no primeiro contato. Coisas do tipo: "Sr. Pereira, eu sou amigo do Silva, que trabalhou com o senhor há 15 anos, lembra? Olha, fiquei sabendo de uma vaga aí na sua empresa e estou precisando de um favorzinho seu..."

É difícil telefonar para quem não conhecemos; por isso, às vezes é tentador usar pequenos subterfúgios para obter acesso. Tenha cuidado. Se você se aproximar de alguém por meios ilícitos, acabará sendo descoberto. Não corra este risco.

Só use o nome de outra pessoa se ela lhe der permissão para fazê-lo. É melhor pedir que faça uma apresentação por e-mail ou telefone. Mas não há problema em dizer algo como “Encontrei fulano numa feira de negócios e ele mencionou seu nome. Talvez ele não se lembre de mim, porque conheceu muita gente lá”.

Não tente fazer com que seu interlocutor acredite que a pessoa que ambos conhecem o recomenda. Se for o caso, uma carta ou e-mail de apresentação é o mais apropriado. Respeite os limites dos seus relacionamentos e nunca exagere sobre o grau de intimidade que você tem com uma pessoa.

A maioria das pessoas só se dedica a fazer networking quando precisa de alguma coisa – uma informação comercial, um financiamento para expandir o negócio, uma contribuição para uma instituição social e é claro, um emprego!

O networking pressupõe auxilio profissional, e não delivery express de vagas! Muitos profissionais mencionam a questão do emprego logo a princípio, o que faz com que a outra pessoa sinta-se cobrada e muitas vezes responsável por oferecer ou encontrar uma oportunidade.

No cotidiano estamos cercados de profissionais que somente quando ficam desempregados  acionam sua rede de contatos. Não é assim que se faz networking. O processo é cíclico: deve-se começar aos poucos, dar e receber, depois usar o próprio crescimento para expandir seus contatos à medida que for tendo sucesso.

Trate, portanto, de causar a melhor primeira impressão que puder, mostre que se importa com os outros e trabalhe para construir uma boa imagem. Assim, todo mundo vai querer entrar na sua rede.

Lembre-se: Fazer networking é construir relacionamentos antes de precisar deles. Quando surgir a necessidade, eles estarão lá, a postos, dispostos a ajudar. É ideal que da primeira até a última conversa do dia você esteja o tempo todo praticando e desenvolvendo continuamente suas habilidades comonetworker.

O fato é que, na vida, estamos todos no mesmo barco e tudo o que se consegue é com a ajuda das pessoas. É inteligente, portanto, se empenhar na construção de relacionamentos benéficos. Todo mundo tem uma boa razão para participar – networking se faz em casa, na família, no trabalho, na comunidade, em toda parte.

Se você está fazendo networking, continue. Se não está, comece imediatamente. Para receber, é preciso dar. A vida tem suas estações, assim como você! Tenha paciência, seja prudente e mantenha o foco na qualidade e não na quantidade de seus relacionamentos.

Não espere o melhor emprego para começar a trabalhar. Não espere elogios para começar a acreditar em você. Todos nascemos com o potencial para o sucesso. Basta agir com disciplina em direção à vitória.

É isso. O bom profissional faz a diferença e brilha não porque está sendo observado pelos outros, mas porque se observa o tempo todo. O networking estratégico nos prepara para os acasos felizes. Quanto mais nos sentirmos confiantes com a nossa boa imagem e reputação, maior será a nossa predisposição para encontros casuais e para a possibilidade de convertê-los em relacionamentos vantajosos.

A verdade é que no fim do dia nós caímos em três redes: inteligentes, não-inteligentes e más notícias. Em qual rede você escolhe cair?

A subjetividade nos bastidores das entrevistas

0 comentários
Cada vez mais os candidatos têm buscado um retorno mais completo sobre o seu desempenho nos processos seletivos e, principalmente, sobre os motivos que os desclassificaram. Percebo também, muitas vezes, a frustração por não entenderem os critérios avaliados na entrevista.

O fato é que existe muita subjetividade por trás de um processo seletivo. Creio que muitos já tenham passado pela experiência de acreditar que é a pessoa ideal para a posição preterida, mas por algum motivo desconhecido não foi aprovado. Surgem então os questionamentos sobre a equidade ou capacidade técnica de avaliação do selecionador - embora apenas uma pequena porcentagem desses questionamentos chegue ao nosso conhecimento.

Gostaria de expor algumas razões que, ao longo da nossa experiência, pudemos constatar. Primeiramente, os critérios de avaliação, na maioria das vezes, não podem ser revelados ou abertos, para que, desta maneira, seja possível identificar no profissional estas características intrínsecas. Um exemplo comum é quando a empresa que está contratando possui um plano estratégico incompatível com as metas profissionais ou pessoais que o candidato apresentou.

Constantemente nos deparamos com perfis muito variados. Há profissionais dinâmicos, arrojados, empreendedores, com grandes aspirações de crescimento. Se considerarmos uma empresa de estrutura mais burocrática e processos conservadores, com certeza a organização teria dificuldades em administrar a necessidade de crescimento de profissional desses em um médio prazo – além disso, o profissional teria uma frustração grande em não conseguir implementar ou utilizar seu grande potencial. É nestas horas que o filtro é aplicado no processo de seleção. Desta maneira, é possível garantir que o temperamento e expectativas do profissional vão de encontro às necessidades da empresa e ambos se correspondam, minimizando a chance de insatisfação, frustração ou incompatibilidade após o início das atividades do recém-contratado.

Os exemplos são poucos, mas já servem para entender que, por melhor que um profissional seja, nem sempre um currículo farto e uma mente ligeira garantirão a vaga desejada. Na lista destes requisitos “subjetivos” podem estar inclusos os valores, maneira de se relacionar, modelo de gestão, nível de pressão, velocidade, excesso de controle, falta de processos, administração de carreira, identificação com o negócio, enfim. Trata-se de uma inumerável quantidade de itens que não estão descritos em editais, currículos ou avaliações comportamentais, mas que são profundamente analisados nas entrevistas.

Por fim, ser reprovado no processo de seleção não significa falta de competência, comportamento inadequado, necessidade de desenvolvimento ou falta de conhecimento técnico. Acredite, a seleção criteriosa de verdade visa ao máximo a exatidão para garantir a satisfação plena de ambas as partes: empresa e profissional.

Jéssica Monteiro
Consultora de Executive Search
De Bernt Entschev Human Capital
jessica@debernt.com.br
(41) 3071-5800