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domingo, 19 de agosto de 2012

Pesquisa revela o que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável

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16/08/2012 20:20 - Portal Brasil


Estudo realizado desde 1992, mostra que a consciência ambiental do brasileiro, em relação ao País, quadruplicou, comparando ao resultado de 20 anos atrás

Foi divulgado o resultado da edição 2012 da pesquisa "O Que o Brasileiro Pensa do Meio Ambiente e do Consumo Sustentável". O estudo, que é o mais amplo painel sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável existente no País, mostra que os brasileiros estão mais conscientes sobre a importância do meio ambiente.
MinC Durante a Rio 92, 47% dos entrevistados não sabiam identificar os problemas ambientais. Este ano, apenas 10% ignoravam a questão
Durante a Rio 92, 47% dos entrevistados não sabiam identificar os problemas ambientais. Este ano, apenas 10% ignoravam a questão

O levantamento foi realizado com a cooperação técnica do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) que entrevistou 2,2 mil pessoas de áreas urbanas e rurais de todas regiões do País. Segundo o documento, o meio ambiente está em sexto lugar na lista de preocupações dos brasileiros, ficando atrás de saúde e hospitais, com 81%; violência e criminalidade, com 65%; desemprego, com 34%; educação, com 32% e políticos, com 23%. Há seis anos, o meio ambiente aparecia na 12ª colocação, à frente apenas de reforma agrária e dívida externa. Em 1992, ano da primeira pesquisa, o tema sequer foi citado.

"Isso é resultado de um maior acesso à informação. Mas o meio ambiente também é visto como problema, e não como uma oportunidade", disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.


A pesquisa revela que ao longo de duas décadas, os mais jovens e os mais velhos são os que menos conhecem a realidade ambiental, mas a consciência aumentou. Há 20 anos, quase 40% dos entrevistados entre 16 e 24 anos não opinaram sobre problemas ambientais, assim como mais de 60% dos brasileiros com 51 anos ou mais. Este ano, as proporções caíram para 6% entre os jovens e 16,5% entre os mais velhos.

O principal problema ambiental citado pelos brasileiros é, desde a primeira pesquisa, o desmatamento de florestas, que neste ano registrou 67%. Outros principais problemas são a poluição de rios e lagoas (47%), a poluição do ar (36%), o aumento do volume do lixo (28%), o desperdício de água (10%), a camada de ozônio (9%) e mudanças do clima (6%).

Também são citados como problemas a extinção de animais e plantas; a falta de saneamento; a poluição por fertilizantes; o consumo exagerado de sacolas plásticas; e falta de conscientização ambiental da população. 

A questão relacionada ao lixo, por exemplo, é um dos problemas que mais ganhou posições no ranking dos desafios ambientais montado pelos brasileiros. O destino, seleção, coleta e outros processos relativos aos resíduos que preocupavam 4% das pessoas entrevistadas em 1992, agora são alvos da atenção de 28% das pessoas.

A pesquisa mostrou, no entanto, que as belezas naturais são o principal motivo de orgulho para os brasileiros. Aproximadamente 28% das pessoas dizem que o meio ambiente brasileiro é motivo de orgulho, à frente do desenvolvimento econômico, com 22%; das características da população, com 20%; do pacifismo, com 13%; da cultura, com 6% e da qualidade de vida, com 1%.

Gastos no País com desastres crescem 15 vezes em 6 anos

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Relatório do IPCC aponta que eventos extremos aliados à alta exposição humana a situações de risco podem aumentar tragédias

17 de agosto de 2012 | 3h 08

GIOVANA GIRARDI - O Estado de S.Paulo
 
Nos últimos 30 anos, o aumento da ocorrência de desastres naturais no mundo foi responsável por perdas que saltaram de poucos bilhões de dólares em 1980 para mais de 200 bilhões em 2010. No Brasil, em somente seis anos (2004-2010), os gastos das três esferas governamentais com a reconstrução de estruturas afetadas nesses eventos evoluíram de US$ 65 milhões para mais de US$ 1 bilhão - um aumento de mais de 15 vezes. 

Os dados foram citados ontem durante evento de divulgação do Relatório Especial sobre Gestão de Riscos de Extremos Climáticos e Desastres (SREX), do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). A elaboração do documento foi motivada justamente por conta dessa elevação já observada de desastres e perdas. O alerta, porém, é para o futuro - a expectativa é de que essas situações ocorram com frequência cada vez maior em consequência do aquecimento global.

Alguns dos autores do relatório estiverem presentes ontem em São Paulo, em evento promovido pela Fapesp e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), para divulgar para a comunidade científica e tomadores de decisão os resultados específicos de América Latina e Caribe. A principal conclusão é que para evitar os desastres naturais, os cuidados vão muito além de lidar com o clima.

Vulnerabilidade. "O desastre natural não tem nada de natural. É a conjunção do evento natural com a vulnerabilidade e a exposição das populações a situações críticas", afirma Vicente Barros, da Universidade de Buenos Aires e um dos coordenadores do relatório.
Segundo ele, desde 1950 vem ocorrendo um aumento do número de dias extremamente quentes e com chuvas extremas. Apesar disso, afirma o climatologista Carlos Nobre, co-autor do trabalho, o que foi considerado como fator determinante para os desastres foi a maior exposição dos seres humanos por conta do aumento do adensamento urbano. No final das contas, acaba sendo um problema de planejamento urbano.

Com base nas pesquisas existentes, ainda não dá para dizer com elevado grau de confiança que esse aumento de eventos extremos já seja resultado das mudanças climáticas. Mas para o futuro a indicação é de que o aquecimento possivelmente irá impulsioná-los. Situações consideradas hoje extremas poderão se tornar mais comuns - chuvas ou secas que acontecem a cada 20 anos, poderão aparecer a cada cinco, dois ou até anualmente. Outra tendência também é que elas possam se inverter, chuva forte num ano, seca em outro.

Independentemente do clima, porém, o relatório alerta que o risco de desastres continuará subindo uma vez que mais pessoas estarão em situação vulnerável. "É daí que virão os problemas. É um alerta para pensarmos em formas de adaptação. O Nordeste teve uma grande seca neste ano e o que o governo fez? Mandou cesta básica. A população, assim, não se adapta", afirma o pesquisador José Marengo, do Inpe.

Além de alertar para ações dos governos, os pesquisadores chamaram a atenção também para a necessidade de mais estudos regionais. A confiança sobre o que é mais provável de acontecer, principalmente na Amazônia, ainda não é alta. Uma das ferramentas para isso é o desenvolvimento de modelos climáticos regionais. O projeto de um está sendo coordenado pelo Inpe e pela Fapesp, que pode estar pronto em até um ano, adaptado para a realidade brasileira.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Ruim para eles, bom para nós

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Enquanto a seca dizima a lavoura americana, o Brasil colhe uma supersafra e os produtores brasileiros — especialmente de milho — faturam como nunca

Alexa Salomão, de
  • Agronegócios
  • 13/08/2012 05:55
São Paulo - O departamento de agricultura dos Estados Unidos tem a fama de ser um órgão conservador. Por isso, ninguém duvidou quando ele previu, no início deste ano, que a colheita americana seria recorde na atual safra. O país colheria 376 milhões de toneladas — algo como 45% da produção mundial. 

Hoje, já se sabe que a previsão é furada. O Meio-Oeste dos Estados Unidos, onde se concentra a produção de grãos, arde com a pior seca dos últimos 50 anos. Sofrem os produtores de trigo, soja e, principalmente, milho. Estima-se que as perdas no milho já cheguem a 70 milhões de toneladas.

Os mais pessimistas falam que a quebra de safra pode superar 100 milhões de toneladas — o que significaria falta do cereal para suprir a demanda interna. A instabilidade no campo já pressiona os preços na bolsa de Chicago, que baliza a cotação de produtos agrícolas em nível internacional.

Neste ano, o preço do milho e da soja acumula alta semelhante, em torno de 40%. Nem a chuva fraca que começou a cair no final de julho deu refresco às cotações. Em mea­dos do mês, depois de se reunir com o presidente Barack Obama para tratar da seca, Tom Vilsack, secretário de Agricultura, definiu a gravidade da situação: “Se soubesse uma oração da chuva ou uma dança da chuva, eu as faria”.

O único sopro de alívio no mercado vem do Brasil. Graças ao clima tropical, o país planta duas safras de milho por ano. Neste ano, a safra de verão sofreu com a estiagem, mas a chamada “safrinha” (de inverno), beneficiada pelas chuvas, é uma supersafrinha. O país está colhendo 35 milhões de toneladas de milho.

Somando a safra e a safrinha, o atual calendário agrícola pode fechar com uma colheita de 70 milhões de toneladas — alta de 21% em relação ao recorde de 2007. A reboque, sobem as previsões de exportação. O Brasil poderá embarcar 15 milhões de toneladas de milho, 55% mais que em 2011, e faturar alto: o valor exportado pode chegar a 4 bilhões de dólares, o dobro do ano passado.

Produtores já conseguem 35 reais por saca destinada à exportação — um extra de 40% em relação aos melhores preços do mercado interno, que também estão em alta. No embalo da festa da colheita, há quem diga que chegou a hora de alcançarmos no milho o que já conquistamos na soja.

“O Brasil, que planta milho o ano inteiro, já pode ocupar um papel de destaque no mercado internacional”, diz Alysson Paolinelli, ex-ministro da Agricultura e presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho.


De fato, neste momento, o país pode ajudar a cobrir a falta do milho dos Estados Unidos. Tanto é assim que a americana Smithfield, maior processadora de carne suína do mundo, anunciou que vai fazer uma inédita importação de milho brasileiro para garantir a alimentação de seus rebanhos.

A notícia, claro, é música para os ouvidos dos produtores brasileiros, especialmente os que têm produtividade alta e capaci­dade de ampliar a produção. Veja o exemplo da Coamo, a maior cooperativa agrícola da América do Sul, com sede em Campo Mourão, no oeste do Paraná.

Na última década, a adoção de novas técnicas de plantio e de novas variedades de sementes permitiu que os cooperados elevassem a produtividade do milho em mais de 30%. A Coamo chega a colher 10 toneladas por hectare — o equivalente à média americana. Hoje, tem 2,5 milhões de toneladas de milho para vender.

Vai exportar 600 000 toneladas porque tem contratos no mercado ­interno. “O produtor está ganhando muito mais do que esperava”, diz Aroldo Gallassini, presidente da Coamo. “Muitos produtores que já compraram sementes de soja estão querendo trocá-las pelas de milho.”

Mesmo quem ficar “preso” à soja poderá se dar bem. Nesse caso, os ganhos como consequência da seca americana só virão na próxima safra se os preços, como previsto, se mantiverem em alta. É que, diferentemente do milho, a soja é plantada numa única safra — e ela foi vendida antes da alta de preços.

O que está em jogo, agora, é a preparação da próxima safra. Muitos produtores de soja estão prevendo uma produção recorde em 2013. A euforia é tal que os temores agora dizem respeito à capacidade do país de escoar a próxima colheita.

Os produtores de milho do Mato Grosso já vivem esse problema. Dobraram a produção da safrinha, mas não conseguem escoá-la. Hoje, há montes de grãos na beira das estradas à espera de caminhões.  

Como o mercado sempre tem duas pontas — vendedora e compradora —, a alegria de uns é a tristeza de outros. A alta do preço está provocando um forte impacto nos custos de produção das carnes. Só em julho, a saca de milho subiu uma média de 30% no mercado interno.

Como o grão responde por mais de 60% dos custos de produção de frangos e suínos, os criadores já amargam perdas na rentabilidade. Na Região Sul, pequenos e médios produtores operam até no prejuízo. O custo de produção de 1 quilo de carne suína está em 2,20 reais, mas o mesmo quilo é vendido a 1,60 real — prejuízo de 60 centavos para cada quilo.

No frango, o prejuízo é de 50 centavos. Por isso, a estimativa é que haverá fortes reajustes de preços no segundo semestre. Analistas do mercado estimam que só o frango congelado terá alta de 20%.

“Os produtores de milho no Brasil até podem comemorar por hora”, diz José Antônio Fay, presidente da BRF, a maior produtora e exportadora brasileira de carnes processadas. “Mas toda a cadeia de alimentos no mundo está em alerta.”