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pensador.info

terça-feira, 23 de junho de 2015

Fwd: Resumo 3053

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Oi Meus amigos e minha amigas,

Não os abandonei, mas tenho usado mais o Facebook para compartilhar ideias e pontos de vistas.

Segue um artigo muito bom sobre a revolução da internet nesta nova geopolítica planetária.

Um abração


Luiz Fernando do Amaral
Head of Corporate Social Responsibility at Rabobank Brazil

No ano passado, tive a oportunidade de visitar campos de produção de arroz nas montanhas do norte do Vietnam na companhia de uma guia local, a Sra. Bee. Trata-se de uma região de beleza indescritível, mas extremamente pobre. Apesar da simplicidade — sua casa possuía piso de terra batida — a Sra. Bee checava emails em seu celular de última geração enquanto caminhávamos pelos arrozais. Durante o tempo que passamos juntos, além de me brindar com informações sobre técnicas produtivas, debatemos sobre o conflito por petróleo entre Vietnam-China e sobre os possíveis candidatos à presidência norte-americana. Ela também estava informada sobre novos insumos para a produção e se aproveitava do potencial turístico de área para receber visitantes estrangeiros. O mundo se conectava àquela inóspita região através da tela do celular da Sra. Bee; e vice-versa.
Desse lado do mundo, basta tomar o trem em São Paulo ou Rio para observar que, independentemente da classe social, todos estão conectados por seus smartphones. Reduzimos drasticamente a exclusão digital nos grandes centros. É inegável que as distancias entre as classes mais ricas e mais pobres, apesar de ainda ser enorme do ponto de vista financeiro, reduziu enormemente no acesso à informação. Investimentos em educação ainda são essenciais, mas, pelo menos, atualmente há outras formas para se informar. Seja por meio de notícias, cursos online e, até mesmo, redes sociais, é inegável que o desfiladeiro está diminuindo, promovendo oportunidades mais igualitárias e trazendo enormes benefícios para a sociedade.
De fato, segundo um relatório do Banco Mundial, o uso de comunicação móvel oferece grandes oportunidades. Hoje, três quartos da população global já possui acesso a um celular, trazendo consigo diversas possibilidades de desenvolvimento socioeconômico, acesso básico a educação e, até mesmo, maior envolvimento cívico e promoção da democracia. O relatório também discorre sobre os efeitos multiplicadores dessa tecnologia, estimulando crescimento econômico, ganhos de produtividade e empreendedorismo. Um avanço de 10% na penetração dos celulares levaria a um crescimento econômico de 0,6 a 0,8% ao ano.
Porém, apesar dos ganhos indiscutíveis nos centros urbanos, a cobertura móvel digital no Brasil é mais um dos nossos desafios de infraestrutura. Se muitas cidades ainda sofrem com qualidade do sinal, é possível imaginar a situação em regiões mais afastadas. Há preocupação dos governos nesse sentido. Os últimos editais de comunicação móvel, por exemplo, incluíram obrigações para as empresas vencedoras levarem acesso às cidades menores. Porém, em um país de dimensões continentais como o nosso, esse desafio não é fácil. O alto custo da concessão, uma importante fonte de caixa para o governo, também reduz a atratividade do investimento em regiões mais remotas.
Desse modo, a exclusão digital no Brasil não se caracteriza mais por uma divisão de classe social, mas, sim, de localização geográfica. Há cobertura móvel nos grandes centros e falta dela no campo. Uma nova dicotomia urbano-rural que pode trazer consequências para o país que queremos e para os alimentos que necessitamos.
Outro relatório do mesmo Banco Mundial fez uma compilação de diversos estudos sobre a penetração da comunicação e seu impacto na economia agrícola. Foi estimado que, em alguns casos, a renda de produtores rurais chegou a crescer até 35% apenas pelo uso das tecnologias de comunicação. Dentre alguns fatores que explicam esses ganhos estão desde aumento do poder de barganha e acesso a melhores preços, até mudanças comportamentais. Há outros estudos sendo desenvolvidos sobre os potenciais impactos na produtividade. A internet pode nos auxiliar a fazer mais com menos na agricultura? Informação é poder e nenhum outro meio é tão eficiente nisso como a comunicação móvel.
É indiscutível que o Brasil avançou, diminuindo o problema da exclusão digital nos grandes centros. Os resultados socioeconômicos já são perceptíveis. Porém, outro abismo se abre entre áreas urbanas e rurais. A implementação da infraestrutura é o principal desafio, algo imprescindível para integrar nossos produtores à nova sociedade da informação. Para o futuro desenvolvimento do Brasil, a inclusão digital no campo tem que estar na agenda pública.
De volta ao oriente, no meio dos terraços de arroz das montanhas Hoang Lien Son, uma pequena produtora, debate em inglês fluente sobre os desafios políticos do mundo enquanto amamenta seu filho de pés descalços. Ao terminar, o menino toma o celular de sua mãe e vai brincar em um canto. Antes mesmo de começar a falar, ele já tem a capacidade de deixar sua vila, tornando-se um cidadão global graças ao pequeno aparelho em suas mãos. Por isso, certamente terá uma vida melhor que sua mãe naquelas belas montanhas, produzindo alimento para seu país e para o mundo.
Artigo originalmente publicado na revista Dinheiro Rural de Junho de 2015.



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Rui Martins

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