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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

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Sociedade civil se articula para o processo da Rio+20

Informes ABONG 20/01/2012 a 02/02/2012

O Rio de Janeiro sedia em junho de 2012 a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, que pretende avaliar os compromissos da Rio 92, a concepção de economia verde e o quadro institucional do desenvolvimento sustentável. A Rio+20 surge como um evento que encerra um ciclo, fazendo um balanço dos avanços das últimas décadas, ao mesmo tempo em que potencializa e identifica outras metas e lutas para o futuro.

Diante do contexto da conferência realizada pela ONU, diversas entidades da sociedade civil brasileira se reuniram e formaram o Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20, durante o Fórum Social Mundial de Dakar (Senegal), em janeiro de 2011. Como objetivo, o comitê pretende facilitar a participação da sociedade civil no processo da conferência da ONU através de um evento paralelo ao oficial, a Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental.

O Comitê Facilitador é formado por uma variedade de organizações das mais diversas áreas, como direitos humanos, meio ambiente e sustentabilidade, desenvolvimento, entre outras. Também possui um Grupo de Articulação, que é responsável pela coordenação, do qual a Abong faz parte – conheça a lista completa aqui.

Ele assume o papel de pressionar os governos para uma atuação mais efetiva, diminuindo a distância entre as declarações e compromissos e a realidade. “Cabe a sociedade civil organizada chamar a atenção mundial sobre a gravidade do impasse vivido pela humanidade, e sobre a impossibilidade do sistema econômico, político e cultural dominante apontar e conduzir saídas para a crise. Mas é também da sua responsabilidade afirmar e mostrar outros caminhos possíveis”, lembra texto publicado pela FASE (leia aqui).

Fátima Mello, membro do Núcleo Justiça Ambiental e Direitos da FASE, em entrevista ao programa Conexão Futura ressalta a importância da conferência: “Essa conferência vem num momento de emergência”. Além disso, fala da construção do conceito de economia verde, que corre o risco de basear-se no sistema produtivo atual, ou seja, sendo apenas uma reciclagem das antigas formas de capitalismo. É necessário fugir do marketing verde, que esconde esse sistema pautado na exploração e na desigualdade. “Devemos questionar o que o desenvolvimento sustentável e a economia verde têm a contribuir para a proteção e a garantia dos direitos humanos”, ressalta o texto da FASE.

A conferência oficial da ONU

A conferência da ONU contará com a presença de chefes de Estado, pretendendo assegurar um compromisso político renovado no que se refere ao desenvolvimento sustentável. Algumas reuniões preparatórias da Cúpula já ocorreram em 2010 e 2011 e outros eventos de discussão do tema estão acontecendo em diversas partes do mundo. A conferência também estabeleceu algumas questões críticas da Rio+20, como o emprego e a inclusão social, a energia, as cidades sustentáveis, a alimentação, a água, dentre outros.

Acesse aqui a história do desenvolvimento sustentável nas Nações Unidas.

Rio 92

A Rio 92, também conhecida como Cúpula da Terra ou ECO-92, foi a conferência que inaugurou a temática do desenvolvimento sustentável para a opinião pública e para o mundo. De acordo com o portal Radar Rio+20, ela reuniu 172 países, 108 chefes de Estado, 2400 representantes da sociedade civil e 17 mil ativistas no Fórum Global – evento paralelo promovido pela sociedade civil no Aterro do Flamengo. Fátima lembra que a Rio 92 foi o primeiro momento em que se pensou de fato na questão do desenvolvimento a partir das concepções naturais, sabendo que os recursos naturais são finitos e que eles podem acabar.

Fórum Social Temático

O Fórum Social Temático (FST) – Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental também faz parte do processo de construção da Rio+20. Inserido no Fórum Social Mundial, ele será uma etapa preparatória para a Cúpula dos Povos em 2012. O evento acontecerá em Porto Alegre e cidades da região metropolitana, de 24 a 29 de janeiro.

O Fórum pretende refletir sobre um paradigma alternativo de sociedade, ampliando a pauta oficial determinada pela ONU para a Conferência sobre o Desenvolvimento Sustentável. As discussões realizadas em janeiro no FST deverão ser levadas para a Cúpula dos Povos, em junho. “Um Fórum que discuta a crise e as medidas emergenciais que têm que ser tomadas para assegurar a sobrevivência e o bem-estar de centenas de milhões de pessoas. Um Fórum que explore os caminhos para a afirmação de paradigmas alternativos à civilização industrial, produtivista e consumista e da agenda da transformação social que lhe corresponde. Um Fórum que aprofunde os laços entre os atores e atrizes comprometidos com esta pauta, mobilize-os para a ação, estimule sua convergência e auxilie sua participação efetiva na Cúpula dos Povos”, ressalta notícia publicada no portal do Fórum Social Mundial.

Saiba mais

Conheça o portal Radar Rio+20, realização do Instituto Socioambiental, da Vitae Civilis e do Centro de Estudos em Sustentabilidade da EAESP – FGV.
Leia texto sobre a Rio+20 publicado pela Fase.
Veja a entrevista com Fátima Mello, da Fase, no Conexão Futura.
Leia o artigo Soberania dos Povos contra o Esverdeamento do Capital, de Marcelo Durão e Luiz Zarref.
Leia o artigo Após compromissos débeis na COP 17, o que esperar da Rio+20?, de Fátima Mello, publicado no Le Monde Diplomatique.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

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sábado, 21 de janeiro de 2012

Fwd: ONU: Economia verde gera emprego e reduz pobreza

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ONU: Economia verde gera emprego e reduz pobreza

Segundo Pavan Sukhdev, assessor especial do PNUMA, o setor de energia renovável já emprega mais pessoas do que o de petróleo e gás em todo o mundo

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Pavan Sukhdev, do PNUMA: "Estamos consumindo 30% a mais do que o planeta consegue fornecer anualmente. Isso não é desenvolvimento sustentável".

São Paulo - O principal desafio do mundo hoje é conciliar desenvolvimento com preservação. Para tanto, a chamada Economia Verde, ou de baixo carbono, é considerada por muitos como o único caminho possível de crescer e elevar a qualidade de vida de populações menos privilegiadas, sem exaurir os recursos naturais do planeta.

Pavan Sukhdev, assessor especial do Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente (PNUMA), é um dos que compartilham dessa visão. Nesta segunda-feira (13), ele participou do evento "Economia Verde: da Intenção à Ação", promovido pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, que pretendeu ser uma prévia da 1ª Bolsa Internacional de Negócios da Economia Verde.  

A demanda por serviços ambientais praticamente dobrou nos últimos 40 anos e já excede a capacidade de regeneração da Terra. A humanidade, diz Pavan, está consumindo 30% a mais do que o planeta consegue fornecer anualmente. "Isso não é desenvolvimento sustentável", afirmou.

Além de se colocar como um contraponto às mudanças climáticas e ao aquecimento global, a economia verde é, segundo ele, o principal caminho para garantir o desenvolvimento sustentável, reduzir a pobreza no mundo e gerar empregos. Ele citou como exemplo o seu país de origem, a Índia, que investiu pesadamente nos último anos na criação de 'green jobs' com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população.

"Para nós, a economia verde não é uma alternativa para a erradicação da pobreza, mas a única solução possível. Diferentemente da economia marrom [tradicional], intensamente focada no capital, a nova economia foca-se no desenvolvimento sustentável, com geração de empregos que melhorem a qualidade de vida do trabalhador", disse. "Não se trata apenas de ganhar dinheiro, mas de ter um trabalho decente".

Segundo o assessor do PNUMA, cada vez mais aumentam os investimentos públicos nos setores verdes e na geração de empregos. "O setor de energias renováveis, por exemplo, já emprega 2 milhões e 332 mil pessoas em todo o mundo, contra os 2 milhões de postos ocupados no setor de petróleo e gás", disse.

Saindo da esfera de produção energética, Pavan Suchdev destacou a importância de adaptação da agricultura aos mecanismo de produção sustentável, principalmente em países com alto nível de dependência da atividade no campo. Em Uganda, onde 80% da população tem na agricultura sua principal fonte de renda, o PNUMA tem trabalhado junto com o governo local para a adoção de técnicas de cultivo orgânico, que reduzem entre 48% e 68% as emissões de CO2.

Apesar das perspectivas positivas, ainda são muitos os obstáculos no caminho que leva à economia verde. "Faltam subsídios, leis, impostos e envolvimento do setor financeiro e do mercado", disse Pavan. "Para tornar bem sucedida essa nova economia, são necessários regulamentos por parte Estado e, principalmente, o comprometimento e a cobrança da sociedade civil", concluiu. 

Leia mais: SP vai sediar 1ª Bolsa Internacional de Negócios da Economia Verde

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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

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Como inventar um novo planeta

20 de janeiro de 2012 | 3h 07
Washington Novaes, jornalista. E-mail: wlrnovaes@uol.com.br - O Estado de S.Paulo

Afinal a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou, em 19 páginas, seu documento preliminar sobre a conferência mundial Rio+20, a realizar-se em junho no Rio de Janeiro. O texto O Futuro que Queremos está repleto de boas intenções, mas quase vazio de meios concretos, específicos, para a sua realização - reforçando os temores de tantos estudiosos, muitos deles já mencionados neste espaço, de que a conferência venha a ser um malogro, ou apenas um espaço para palavras, sem consequências práticas.

O documento reafirma "a determinação de livrar a humanidade da fome", por meio da "erradicação de todas as formas de pobreza". E assume o compromisso de "lutar para que as sociedades sejam equitativas e inclusivas", de modo a atingirem "estabilidade econômica e crescimento que beneficie todos".

Também reitera o desejo de atingir, em 2015, os "Objetivos do Milênio", que incluem essa erradicação da pobreza, a universalização do saneamento básico (do qual estão excluídos 40% da humanidade), renda mínima para todos (hoje 40% vivem abaixo da "linha da pobreza"). E que os países industrializados cumpram o compromisso, assumido na Rio-92, de ampliar de 0,37% de seu produto interno bruto (PIB) para 0,70% a ajuda aos países em desenvolvimento, para que se atinjam os objetivos - atualmente a ajuda é de 0,30%, inferior à de 20 anos atrás, e pouquíssimos países cumpriram o que assumiram.

Complicadíssimo. O próprio documento reconhece que hoje nada menos que 1,4 bilhão de pessoas vivem na pobreza; que 1,6 bilhão são subnutridas, sob a ameaça de pandemias e epidemias "onipresentes"; que o "desenvolvimento insustentável" agravou o estresse na área dos recursos naturais.

Por isso tudo e muito mais, diz o documento, o desenvolvimento sustentável é um "objetivo distante" - e a "governança global" dessa sustentabilidade é exatamente um dos temas centrais da conferência, juntamente com a "economia verde". Ainda mais que a ONU pressupõe, para chegar a esses objetivos, que haja "participação da sociedade nas decisões", a qual, por sua vez, depende de "acesso à informação". Pressupõe até a inclusão, nas estratégias, do que está escrito na Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas.

Da mesma forma, exige eliminar barreiras comerciais e subsídios, eliminar o "gap tecnológico" entre países desenvolvidos e os demais, criar até 2015 indicadores para avaliar as transformações, tendo ainda em conta que crescimento do PIB dos países é um indicador considerado insuficiente, porque não leva em conta fatores sociais e ambientais. Sem esquecer que tudo isso deverá estar no âmbito de uma "governança ambiental internacional", que pode exigir até a criação de uma agência especializada da ONU.

E vai por aí o documento das Nações Unidas, enumerando objetivos como reduzir o desperdício de água no mundo, planejar e implantar "cidades sustentáveis", impedir a perda da biodiversidade e a acidificação dos oceanos, proteger estoques pesqueiros ameaçados, combater a desertificação na África, a deposição de lixo eletrônicos e de plásticos no mar. E, em meio a isso tudo, reduzir os subsídios para combustíveis fósseis, para proteger a agricultura dos países centrais, para sustentar a pesca predatória. Assim como duplicar a porcentagem de energias renováveis na matriz mundial.

Este último item remete ao relatório recente da Agência Internacional de Energia, lembrando que o aumento de 5% no consumo de energia primária em 2010 levou a novo "pico" nas emissões de dióxido de carbono, graças inclusive aos subsídios ao consumo de energias derivadas de fontes fósseis, que estão em US$ 400 bilhões anuais. Ainda assim, 1,3 bilhão de pessoas não têm acesso à energia elétrica. E os cenários traçados para o período que vai até 2035 chegam a prever um aumento de um terço na demanda de energia, mantida a previsão de aumento de 1,7 bilhão de pessoas na população mundial nesse período e crescimento médio anual de 3,5% do PIB - 90% do aumento estará fora dos países industrializados. Tudo isso exigirá investimentos de US$ 38 trilhões em 25 anos, principalmente em estruturas para transporte de energia. O consumo de combustíveis fósseis deverá baixar apenas dos 81% totais de hoje para 75%. As energias renováveis - principalmente hidrelétrica e eólica - responderão por 50% da capacidade que será adicionada.

Num quadro tão difícil, com as dificuldades da conjuntura econômica mundial, a pouca praticidade dos objetivos da convenção tem gerado críticas fortes. O renomado economista Jeffrey Sachs, da Universidade de Colúmbia, tem dito que a conferência do Rio "deve servir para admitir duas décadas de fracasso no campo ambiental"; para reconhecer que "não há propostas para a crise"; que "o lobby da indústria de energia venceu Obama" (Estado, 18/11/2011). Suzana Kahn, que representa o Rio de Janeiro na conferência, admite que há "um grande risco de a Rio+20 ser um evento sem consequência nenhuma", já que "não tem nada prático que vá sair do encontro" (Estado, 21/12/2011).

Muito mais complexa ainda é a questão levantada pelo teólogo Leonardo Boff, ao lembrar que sustentabilidade é tema muito abrangente: "É toda ação destinada a manter condições energéticas, informacionais, físico-químicas que sustentam todos os seres, especialmente a Terra viva, a comunidade de vida e a vida humana" - e ainda assegurando os direitos das gerações futuras. Meio ambiente, diz ele, não é "algo secundário e periférico". Que fará a Rio+20 para abrir caminhos que assegurem tudo isso?

Como haverá também, paralela à conferência do Rio, uma Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental, certamente se dirá que esse avanço da consciência social poderá abrir caminhos para transformações políticas que levem à superação das lógicas apenas financeiras no mundo - e ao desejado desenvolvimento sustentável. Difícil, mas não é impossível.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

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Era Caórdica (caos e ordem)

Por Antonio Sales Rios Neto http://antoniosales.blogspot.com/

Fundador da VISA Internacional Dee Hock acredita que estamos na Era Caórdica (caos e ordem)

"Estamos num ponto do tempo em que uma era de quatrocentos anos está morrendo e outra está lutando para nascer – uma mudança de cultura, ciência, sociedade e instituições muito maior do que qualquer outra que o mundo já tenha experimentado. Temos à frente a possibilidade de regeneração da individualidade, da liberdade, da comunidade e da ética como o mundo nunca conheceu, e de uma harmonia com a natureza, com os outros e com a inteligência divina como o mundo jamais sonhou." Dee Hock

A princípio, o enunciado acima que apresenta esta página sobre "Era Caórdica" pode manifestar um pensamento otimista em demasia, aparentando ao leitor uma visão futurista extremamente devaneadora. Uma premonição paradoxal face à incontestável falência institucional que tem marcado este fim de era industrial e que está nos empurrando para uma profunda crise socioambiental. Crise que atualmente assola a humanidade e que iniciou um processo de devastação ambiental em escala planetária. Estas são palavras de um dos mais originais pensadores da atualidade em matéria de administração, o fundador e CEO emérito da organização VISA, Dee Hock, cujas idéias desejaria disseminar entre aqueles que buscam alternativas para os atuais arranjos organizacionais, que procuram novos modelos de organização capazes de atender às necessidades que as sociedades contemporâneas exigem.

As instituições mecanicistas baseadas nas estruturas de comando e controle da era industrial dominaram durante quatro séculos o funcionamento das sociedades, determinando a vida econômica, social, cultural, política e demais áreas do conhecimento. Neste início de terceiro milênio, observamos um movimento crescente da diversidade e complexidade das sociedades em todo o mundo e parece estar brotando um consenso de que a atual estrutura hierarquizada de poder das organizações está bem próxima de atingir seu nível de saturação, onde não mais conseguirão cumprir seus objetivos e permanecerão crescendo, consumindo recursos, devastando o meio ambiente e limitando cada vez mais o ser humano. Segundo Dee Hock, as taxas de extermínio da vida na Terra adquiriram proporções calamitosas: a cada hora, 210 espécies desaparecem da face da Terra, 6.700 acres de florestas virgens são devastadas, três milhões de toneladas de solo arável são destruídos e, o maior agravante, 1.200 crianças morrem de fome. E estes são dados de 2001, quando ele fez esse alerta. Ou seja, mesmo com toda evolução científica e tecnológica, a racionalidade mecanicista da nossa sociedade está produzindo uma catástrofe coletiva sem precedentes.

Dee Hock, um visionário pragmático, defende com muita convicção que as organizações se baseiam em conceitos errôneos do século XVII, inadequados à solução dos problemas sistêmicos, sociais e ambientais, dos quais padecemos diariamente. Em suma, ele projeta um futuro para as organizações fundamentado em princípios caórdicos - organizações autogovernadas que combinariam de forma harmoniosa o caos e a ordem, a competição e a cooperação. Princípios lapidados ao longo de sua vida e postos em prática quando ele fundou a VISA Internacional, um dos maiores empreendimentos do setor de cartões de crédito do mundo, cuja estrutura transcende fronteiras, culturas e diferentes sistemas monetários. Uma corporação com poder descentralizado entre vinte e dois mil bancos-membros que conseguem ao mesmo tempo cooperar e competir entre si, atendendo cerca de setecentos milhões de clientes espelhados pelas mais diversas nações do planeta e cumprindo transações de mais de um trilhão de dólares anuais.

Por volta de 1960, Dee Hock iniciou uma surpreendente caminhada trabalhando na rede bancária americana em busca da descobertas de novos conceitos de organização e conseguiu por em prática, ao construir a rede VISA, as mudanças de paradigma que atualmente estão sendo ratificadas pela comunidade científica por meio das Teorias da Complexidade ou Nova Ciência. Assim, Dee Hock transcendeu a visão newtoniana e cartesiana que determinou o funcionamento da sociedade e suas organizações durante a era industrial. Caord, foi esta a palavra que Dee Hock criou para identificar o caráter complexo, adaptável e holístico do que seria o próximo período da humanidade. A origem deste vocábulo, a junção de ca de caos e ord de ordem, surgiu da necessidade de combinar em uma única palavra a essência da evolução e da natureza e que deve ser a essência das organizações.

Dee Hock, um homem de origem humilde, teve uma trajetória de vida marcada pelo desafio à natureza da administração e das organizações tradicionais, uma história de busca constante por uma nova ideologia de gestão. Procurou formular novos conceitos que desafiassem as crenças vigentes sobre comunidade, organizações, relacionamentos, liderança, informação, administração, comportamentos – uma busca por uma nova organização da sociedade em harmonia com o espírito humano e com a natureza.

Essencialmente, três intrigantes perguntas nortearam essa sua busca:

“Por que as instituições, em toda parte, sejam elas políticas, comerciais ou sociais, são cada vez mais incapazes de administrar as próprias questões?

Por que as pessoas, em toda parte, estão cada vez mais em conflito com as instituições de que fazem parte e alienadas delas?

Por que aumenta cada vez mais o desequilíbrio na sociedade e na biosfera?”

Foi com estas conflitantes questões que dominaram sua vida e com sua experiência de fundação da VISA Internacional que ele passou a vislumbrar o surgimento de uma nova era denominada Caórdica, onde as organizações do futuro seriam formadas em novas bases conceituais. Em síntese, estas novas organizações seriam criadas ou redesenhadas a partir da definição dos verdadeiros propósitos que justificam sua existência, determinados com a mais absoluta transparência e convicção. E a partir dos propósitos, as organizações passariam então a buscar os princípios, as pessoas e os conceitos necessários para desencadear um processo espontâneo capaz de liberar o espírito humano, o comprometimento e a engenhosidade das pessoas em sua plenitude.

"O desenvolvimento industrial global lançou as sementes do próprio fim ao gerar níveis de complexidade e índices de mudança que ultrapassam a inteligência das instituições da Era Industrial, que são suas herdeiras. Em todas as frentes, consequentemente, enfrentamos problemas para os quais as organizações dominantes, hierárquicas e autoritárias, são inadequadas. Como diz Dee Hock,
'Vivemos numa era de maciça falência institucional'."
Peter Senge

Veja mais: http://eracaordica.blogspot.com/