Sociedade civil se articula para o processo da Rio+20
Informes ABONG 20/01/2012 a 02/02/2012
O Rio de Janeiro sedia em junho de 2012 a Rio+20,
Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, que
pretende avaliar os compromissos da Rio 92, a concepção de economia
verde e o quadro institucional do desenvolvimento sustentável. A Rio+20
surge como um evento que encerra um ciclo, fazendo um balanço dos
avanços das últimas décadas, ao mesmo tempo em que potencializa e
identifica outras metas e lutas para o futuro.
Diante do contexto da conferência realizada pela ONU, diversas
entidades da sociedade civil brasileira se reuniram e formaram o Comitê
Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20, durante o Fórum
Social Mundial de Dakar (Senegal), em janeiro de 2011. Como objetivo, o
comitê pretende facilitar a participação da sociedade civil no processo
da conferência da ONU através de um evento paralelo ao oficial, a
Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental.
O Comitê Facilitador é formado por uma variedade de organizações das
mais diversas áreas, como direitos humanos, meio ambiente e
sustentabilidade, desenvolvimento, entre outras. Também possui um Grupo
de Articulação, que é responsável pela coordenação, do qual a Abong faz
parte – conheça a lista completa aqui.
Ele assume o papel de pressionar os governos para uma atuação mais
efetiva, diminuindo a distância entre as declarações e compromissos e a
realidade. “Cabe a sociedade civil organizada chamar a atenção mundial
sobre a gravidade do impasse vivido pela humanidade, e sobre a
impossibilidade do sistema econômico, político e cultural dominante
apontar e conduzir saídas para a crise. Mas é também da sua
responsabilidade afirmar e mostrar outros caminhos possíveis”, lembra
texto publicado pela FASE (leia aqui).
Fátima Mello, membro do Núcleo Justiça Ambiental e Direitos da FASE,
em entrevista ao programa Conexão Futura ressalta a importância da
conferência: “Essa conferência vem num momento de emergência”. Além
disso, fala da construção do conceito de economia verde, que corre o
risco de basear-se no sistema produtivo atual, ou seja, sendo apenas uma
reciclagem das antigas formas de capitalismo. É necessário fugir do
marketing verde, que esconde esse sistema pautado na exploração e na
desigualdade. “Devemos questionar o que o desenvolvimento sustentável e a
economia verde têm a contribuir para a proteção e a garantia dos
direitos humanos”, ressalta o texto da FASE.
A conferência oficial da ONU
A conferência da ONU contará com a presença de chefes de Estado,
pretendendo assegurar um compromisso político renovado no que se refere
ao desenvolvimento sustentável. Algumas reuniões preparatórias da Cúpula
já ocorreram em 2010 e 2011 e outros eventos de discussão do tema estão
acontecendo em diversas partes do mundo. A conferência também
estabeleceu algumas questões críticas da Rio+20, como o emprego e a
inclusão social, a energia, as cidades sustentáveis, a alimentação, a
água, dentre outros.
Acesse aqui a história do desenvolvimento sustentável nas Nações Unidas.
Rio 92
A Rio 92, também conhecida como Cúpula da Terra ou ECO-92, foi a
conferência que inaugurou a temática do desenvolvimento sustentável para
a opinião pública e para o mundo. De acordo com o portal Radar Rio+20,
ela reuniu 172 países, 108 chefes de Estado, 2400 representantes da
sociedade civil e 17 mil ativistas no Fórum Global – evento paralelo
promovido pela sociedade civil no Aterro do Flamengo. Fátima lembra que a
Rio 92 foi o primeiro momento em que se pensou de fato na questão do
desenvolvimento a partir das concepções naturais, sabendo que os
recursos naturais são finitos e que eles podem acabar.
Fórum Social Temático
O Fórum Social Temático (FST) – Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental
também faz parte do processo de construção da Rio+20. Inserido no Fórum
Social Mundial, ele será uma etapa preparatória para a Cúpula dos Povos
em 2012. O evento acontecerá em Porto Alegre e cidades da região
metropolitana, de 24 a 29 de janeiro.
O Fórum pretende refletir sobre um paradigma alternativo de
sociedade, ampliando a pauta oficial determinada pela ONU para a
Conferência sobre o Desenvolvimento Sustentável. As discussões
realizadas em janeiro no FST deverão ser levadas para a Cúpula dos
Povos, em junho. “Um Fórum que discuta a crise e as medidas emergenciais
que têm que ser tomadas para assegurar a sobrevivência e o bem-estar de
centenas de milhões de pessoas. Um Fórum que explore os caminhos para a
afirmação de paradigmas alternativos à civilização industrial,
produtivista e consumista e da agenda da transformação social que lhe
corresponde. Um Fórum que aprofunde os laços entre os atores e atrizes
comprometidos com esta pauta, mobilize-os para a ação, estimule sua
convergência e auxilie sua participação efetiva na Cúpula dos Povos”,
ressalta notícia publicada no portal do Fórum Social Mundial.
Saiba mais
Conheça o portal Radar Rio+20, realização do Instituto Socioambiental, da Vitae Civilis e do Centro de Estudos em Sustentabilidade da EAESP – FGV.
Leia texto sobre a Rio+20 publicado pela Fase.
Veja a entrevista com Fátima Mello, da Fase, no Conexão Futura.
Leia o artigo Soberania dos Povos contra o Esverdeamento do Capital, de Marcelo Durão e Luiz Zarref.
Leia o artigo Após compromissos débeis na COP 17, o que esperar da Rio+20?, de Fátima Mello, publicado no Le Monde Diplomatique.
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