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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A complexa engenharia da Administração

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Em cada etapa da vida de um negócio, é preciso entender qual a maneira mais adequada de fazer as engrenagens funcionarem

Clemente Nobrega, 26 de setembro de 2013

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"Você tem que ir tornando a empresa mais complexa, pois, se não fizer isso, o valor que ela gera não se sustentará"

Empresas têm um único problema durante toda sua vida, o que muda são as formas de resolvê-lo. Gestão é uma engenharia. Você tem de construir suas fundações na sequência certa. Esse "único problema" é garantir seu direito de existir gerando mais do que gasta. Gerando "excesso" num nível adequado para manter a "máquina" funcionando sem ratear. Chamam isso de problema da geração de valor. Tudo o que tem valor tem custo. Se não tem custo, não tem valor.

No início da vida da empresa, tem que existir um mercado que queira aquilo que ela tem para vender. Veremos, mais para a frente, que a atitude mental certa para um gestor é partir de algo que seja desejado por um grupo de "pagadores" potenciais, e só então construir a empresa em torno daquilo. É errado começar um negócio porque a gente gosta do que vai vender [Ford], ou porque a família sempre trabalhou com aquilo etc.. Empresas devem ser construídas a partir de necessidades.

Quando ela é bem jovem, o foco único é demonstrar que é capaz de vender por um preço que a permita cobrir seus custos e ficar com uma sobra. Isso é uma grande conquista. A maioria não consegue. É a fase da criatividade, da informalidade; você não precisa (nem deve) ser sofisticado, ter sistemas, estruturas, nada disso. É planilha Excel ou papel de pão mesmo; "barriga no balcão".

Os anos iniciais de qualquer empresa são simples. São muito trabalhosos, mas são simples. Têm pouca gente. Pouca especialização. Todo mundo faz tudo. A comunicação é informal e rápida. Não tem TI, não tem jurídico, financeiro, marketing, nada. Só contador (e olhe lá!).

Se a empresa passa nesse primeiro teste (e, portanto, não morre!) ela conquista temporariamente seu direito de existir. Mas logo surgem novos problemas – você tem que se estruturar; implantar sistemas, processos, controles. Você tem que gerenciar pessoas de forma mais técnica e menos paternalista.

Você tem que ir tornando a empresa mais complexa, pois, se não fizer isso, o valor que ela gera não se sustentará. Acabou a fase da papinha, tem que ter comida sólida.

É impossível continuar a gerar valor (preço menos custo) sem algum tipo de energia nova, se você quer continuar a existir. Tudo o que tem valor, tem custo. A empresa simples do início tem que se tornar complexa. Caso contrário, morre. Adicionar complexidade é o mecanismo para resolver problemas relacionados com "ficar viva". Durante um período, o custo da complexidade crescente compensa.

Complexidade é uma coisa econômica. Quer dizer: para decidir se ela é boa ou má, você tem que avaliar os custos e os benefícios das soluções que ela propicia. Mas o que é complexidade?

"Você está num ambiente complexo quando tem muitas possibilidades de escolha, mas poucas o mantêm vivo. As demais matam você".

Empresas iniciantes são simples porque se resolvem o problema certo (mercado) não morrem, mas terão de se complexificar para continuar vivas. Introduzimos complexidade nas organizações (de todos os tipos) porque é só através dela – complexidade – que conseguimos resolver os problemas com que o ambiente nos confronta. Complexidade é ferramenta de solução de problemas. Organismos de maior complexidade têm mais opções de comportamento, ou seja, têm mais chance de fazer as escolhas certas.

Insetos são simples. Têm que produzir bilhões de crias, pois só uma, em média, fará as escolhas certas e sobreviverá para gerar novas crias. Peixes são mais complexos – precisam só de milhões de crias para que uma faça a escolha certa. Sapos precisam só de milhares e mamíferos de dúzias. Sem isso, elas não crescem, mergulham na irrelevância e podem morrer.

Um gestor tem que aprender a decodificar com precisão a circunstância em que a empresa está, porque a ferramenta certa para resolver seus problemas depende dessas circunstâncias.



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Cinco passos para uma meta

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Uma meta, qualquer que seja ela, só pode ser assim conceituada quando traçada segundo cinco variáveis: especificidade, mensurabilidade, exequibilidade, relevância e temporalidade

Tom Coelho, 22 de setembro de 2013
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 "A fórmula da minha felicidade:um sim, um não, uma linha reta, um objetivo."(Friedrich Nietzsche) 

Você decide ir ao cinema. Sai de casa e, quando percebe, imerso em seus pensamentos, está fazendo o caminho convencional para ir ao trabalho – que, por sinal, é diametralmente oposto. Depois de enfrentar um belo trânsito, acerta o passo e chega ao shopping. Vasculha os três pisos de estacionamento para obter uma vaga. Logo mais, encontra uma agradável fila para comprar os ingressos. Na boca do caixa descobre que a sessão está esgotada. A próxima, somente em duas horas e quinze minutos.

Impossível? Improvável? Com você não? Pense bem antes de responder. Se você ainda não passou pelo ciclo completo descrito acima, uma boa parte dele já lhe visitou em um final de semana destes. O mal é o mesmo que afeta a profissionais e empresas no mundo corporativo: a ausência de metas definidas.

Vamos partir de um pressuposto. Você sabe o que quer, para onde deseja ir. Se estiver em uma companhia que não lhe agrada, buscará outra. Se estiver disponível, sabe qual o perfil de vaga lhe interessa. Se estiver satisfeito em sua posição atual, almeja alcançar um cargo mais elevado.

Uma meta, qualquer seja ela, só pode ser assim conceituada quando traçada segundo cinco variáveis. A primeira delas é a especificidade. Seu objetivo deve ser muito bem definido. Assim, é inútil declamar aos quatro cantos do mundo: "Quero trabalhar na multinacional ABC Ltda.". Desculpe-me pela franqueza, mas acho que você não será contratado a menos que pense: "Vou trabalhar como gerente comercial, na divisão alfa, da companhia ABC Ltda., atuando na coordenação e desenvolvimento de equipes de vendas para a região sul". Em outras palavras, quanto mais específica for a definição de seu propósito, mais direcionado estará seu caminho.

A segunda variável é a mensurabilidade. Sua meta deve ser quantificável, tornando-se objetiva, palpável. Em nosso exemplo anterior, você teria que definir, por exemplo, a faixa de remuneração desejada. Outra situação bem ilustrativa desta variável é a aquisição de bens materiais. "Pretendo comprar um carro", é um desejo. "Vou comprar um veículo da marca XYZ, modelo beta, com motor 2.0, dotado dos seguintes opcionais (relacioná-los) e com valor estimado de R$ 30.000,00", é uma quase-meta.

A próxima variável é a exequibilidade. Uma meta tem que ser alcançável, possível, viável. Voltando ao exemplo inicial, o objetivo de integrar o quadro da companhia ABC como gerente comercial não será alcançável se você tiver uma formação acadêmica deficiente, experiência profissional incompatível com o perfil do cargo e dificuldades de relacionamento interpessoal.

Chegamos à relevância. A meta tem que ser importante, significativa, desafiadora. Você decide como meta anual elevar o faturamento de seu departamento em 5% acima da inflação. Entretanto, seu mercado está aquecido e este foi o índice definido – e atingido – nos últimos dois anos. Logo, é preciso ousadia e coragem para determinar um percentual superior a este, capaz de motivar a equipe em busca do resultado. Lembre-se de que o bom não é bom onde o ótimo é esperado.

Finalmente, o aspecto mais negligenciado: o tempo. Muitas metas são bem específicas, mensuráveis, possíveis e importantes, porém não definidas em um horizonte de tempo. Aquela oportunidade de negócio tem que ser concretizada até uma data limite. Determinada reunião deve ocorrer entre oito e nove horas. Certo filme no cinema sairá de cartaz na sexta-feira próxima.

Por isso, evite procrastinar, nome feio dado à mania de adiar compromissos. Este pode ser um golpe fatal em qualquer meta proposta.



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