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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Mudança nos padrões de consumo, tecnologia verde e sustentabilidade


As projeções de crescimento populacional são menos apocalípticas do que muita gente pensa. O relatório “World Population to 2300”, publicado em 2004 pela ONU, indica que se for mantido o atual quociente médio de crescimento populacional global chegaremos em 2050 com uma população de cerca de 9 bilhões de pessoas, no cenário “mediano”. Neste cenário, a população mundial não vai variar muito depois de 2050, chegando a um pico de 9.22 bilhões de pessoas em 2075, caindo para algo em torno de 8.43 bilhões até 2175 e subindo devagar para 8.9 bilhões em 2300, não muito diferente do ano de 2050.

No cenário mais alto, o relatório da ONU aponta para uma população de 10.63 bilhões em 2050 e 36,44 bilhões em 2300. No cenário mais baixo, os números indicam uma população de 7.41 bilhões em 2050 e 2.31 bilhões em 2300. O relatório está aqui.

O que explica estas diferenças? O próprio relatório da ONU indica que estes são exercícios altamente teóricos, baseados em tendências que podem ser afetadas por fenômenos externos. Mas no geral, os principais fatores que realmente vão influenciar serão a taxa de fertilidade, combinadas com expectativa de vida e taxa de mortalidade. A expectativa é que as taxas de fertilidade globais continuem diminuindo ficando na média um poço abaixo ou no lime da taxa de replacement populacional. A expectativa média de vida deverá chegar a 92.8 anos em 2225. Teremos na média uma população mais velha, vivendo mais e tendo menos filhos.

Se o cenário médio previsto pela ONU se confirma, vai desmentir os apocalípticos que atualizam a teoria malthusiana de progressão geométrica do crescimento população exercendo uma pressão insustentável sobre os recursos naturais. Ainda assim, evidentemente 9 bilhões de pessoas é muita gente. Surpreendentemente se reuníssemos hipoteticamente toda a atual população do mundo em um único lugar, dando a cada pessoa um espaço de 3 metros quadrados, todos os 7 bilhões de habitantes caberiam em um espaço equivalente a 20 mil quilômetros quadrados, pouco menos do que a área do estado de Israel, por exemplo. Entenda o cálculo aqui.

Então, o problema não é especificamente da quantidade de gente no mundo. Obviamente estas pessoas consomem e, portanto, sua afluência exerce grande pressão sobre o meio ambiente. A chegada de milhões de pessoas nos países emergentes ao “paraíso do consumo” representará um enorme desafio em termos de produção de alimentos e exploração de recursos minerais para produção dos bens antes inacessíveis a estas pessoas.

É a velha equação IPAT (Impacto Humano = População X Afluência X Tecnologia), criada para tentar demonstrar os impactos do ser humano no meio ambiente, voltando com força total. O diferencial, agora, é que, embora a população seja um elemento importante, está claro que é preciso dar um enfoque maior na relação mudanças nos padrões de consumo com tecnologias que mitiguem o impacto ambiental e pacotes de estímulos à economia verde.

Evidentemente, novas tecnologias aumentam a pressão sobre recursos naturais, ao deixar os bens a serviços mais acessíveis a mais pessoas. Por isso é fundamental sua relação com modificações nos padrões de consumo. Por outro lado, é justamente a tecnologia que pode encontrar soluções inovadoras para a preservação e o uso mais racional dos recursos naturais e dos bens produzidos. A reciclagem e a conseqüente “desmaterialização”, ou seja, a desconstrução dos bens em suas partes essenciais para reaproveitamento, serão cada vez mais imprescindíveis.

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