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domingo, 16 de outubro de 2011

Obras na Amazônia atraem 7 'trens-bala'

Leiam a notícia no final.

Não se trata aqui de ser contra ou a favor do desenvolvimento e de todo esse investimento previsto, eu não sou xenófobo, "ecochato", ou "biodesagradável". É claro que sou a favor de investimento e desenvolvimento econômico da Amazônia, mas confesso que tenho muita preocupação sobre o que pode significar essa "invasão capitalista" na região Amazônica, ou seja: Qual a QUALIDADE deste desenvolvimento?

O quê, ou quanto, isso irá nos custar, Amazônidas, e a todo o planeta?

Estou me dirigindo apenas a formadores de opinião, gestores públicos e privados, educadores e alunos conhecidos, e por isso sinto-me à vontade para fazer algumas reflexões, e sei que que todos também se fazem as mesmas perguntas, mas não posso me furtar. Estou realmente incomodado com essas notícias.

Esses 24,4 milhões de Amazônidas estão preparados para absorver essa lógica econômica da qual estamos assistindo as consequências mesmo nos países do NORTE, que criaram essa lógica de desenvolvimento, acumulação e consumismo e a vem implantando há séculos e, hoje, assistimos suas consequências nos países periféricos europeus, movimentos planetários contra o capitalismo e coisas assim?

Vamos nos sujeitar a passar por todas as etapas que eles já passaram, ou podemos aprender com que estamos assistindo e desenvolver uma nova lógica para a Amazônia?

Ainda não conheço nenhum sistema melhor do que a democracia e o capitalismo, o que não me impede de considerá-los imperfeitos e que necessitam de reformulação e reflexão urgente, nas reuniões de trabalho e decisão de políticas públicas, de decisão de investimentos e planejamento empresariais, nos bancos das escolas onde formamos os gestores que irão gerir as consequências de nossas decisões de hoje. Que Amazônia vamos entregar nas mãos deles? Eles não tem o direito de participar dessa discussão e dizerem o que querem para seu futuro? Como estamos tratando disso em nossas salas de aula?

A Rio+20 está nas nossas portas e, considerando os reflexos, bons e ruins, da Rio 92, e que ainda ecoam e causam efeito até hoje nas mentes e decisões, precisamos aumentar essa discussão, afervecê-la, emocionar para mobilizar e racionalizar para traçar diretrizes, limites e parâmetros porque todo esse investimento tem um objetivo, claro, concreto, lógico e previsível, que todos querem tirar seu lucro daqui. Somos umas das últimas fronteiras de desenvolvimento do planeta, potencial econômico imensurável. Nada a contestar, mas o quê ficará?

A Floresta é muito mais que o Pré-sal, se considerarmos que o combustível fóssil perde posição de importância a cada dia, e está fadado ao obsoletismo a passos largos e que da tecnologia do petróleo restará apenas a petroquímica como geradora de valor, e esta está baseada apenas em um único elemento químico que é o carbono, enquanto a floresta, absolutamente desconhecida pela ciência ainda hoje, dispõe de toda a tabela periódica (e ainda pode ter outras que ainda não estão relacionadas), bactérias, microorganismos, elementos ativos, e mais, RENOVÁVEIS, portanto infinitos, se respeitarmos a capacidade de renovação da floresta.

O capitalismo avança para a economia do conhecimento, limpa, tecnológica. Países minúsculos em tamanho e população, sem recursos naturais, são ricos exportando conhecimento e tecnologia. Nós vamos continuar neste modelo de exportarmos matérias primas e ficarmos com nossa gente fazendo o trabalho braçal e agregar valor em nossos produtos lá fora, sustentar seus modos de vida de desperdício?

Não vou me estender mais porque sei que estou me dirigindo a pessoas que também estão conscientes dessas questões, minha preocupação é que precisamos unir esforços e mobilizar mais, usar mais inteligência, investir em pesquisa e garantir um futuro diferente do que estamos assistindo nos "paises desenvolvidos".

Obrigado e desculpem pelo desabafo.

um abraço a todos

 

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/991426-amazonia-vira-motor-de-desenvolvimento.shtml
 
Obras na Amazônia atraem 7 'trens-bala'

Investimentos somam, pelo menos, R$ 212 bilhões e criam novo ciclo de expansão econômica na região


Plano cria saída para o agronegócio exportador e uma nova estrutura para geração de energia e exploração mineral

JULIO WIZIACK
AGNALDO BRITO

DE SÃO PAULO

O governo federal e o setor privado inauguraram um novo ciclo de desenvolvimento e ocupação da Amazônia Legal, onde vivem 24,4 milhões de pessoas e que representa só 8% do PIB brasileiro.

O pacote de investimento para os nove Estados da região até 2020 já soma R$ 212 bilhões. Parte já foi realizada. O valor deverá subir quando a totalidade dos projetos tiver orçamentos definidos.

Esse volume de recursos equivale a sete projetos do TAV (Trem de Alta Velocidade), pouco mais de quatro vezes o total de capital estrangeiro atraído pelo Brasil em 2010 e duas vezes o investimento da Petrobras para o pré-sal até 2015. Excluindo o total do investimento do país no pré-sal, os recursos a serem aportados na Amazônia praticamente vão se equiparar aos do Sudeste, principal polo industrial do país.

É o que indica levantamento feito pela Folha com base no PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e nos principais projetos privados em andamento.

Basicamente, são obras de infraestrutura (energia, transporte e mineração). Juntas, elas criarão condições para a instalação de indústrias e darão origem a um corredor de exportação pelo "arco Norte", que vai de Porto Velho (RO), passando por Amazonas, Pará, até o Maranhão.

Essa movimentação de cargas será feita por uma malha logística integrada por rodovias, ferrovias e hidrovias que reduzirão custos de exportação, principalmente para o agronegócio, que hoje basicamente utiliza os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).

ENERGIA AMAZÔNICA
O setor elétrico é a força motriz dessa onda de investimento. As principais hidrelétricas planejadas pelo governo serão instaladas na região e, com elas, também se viabilizarão as hidrovias.

Projetos como Belo Monte (PA), Jirau e Santo Antônio (RO), Teles Pires e o complexo do Tapajós (PA) fazem parte desse novo ciclo de ocupação, acelerando o processo que se iniciou ainda sob a batuta do governo militar. A Amazônia, que hoje participa com 10% da geração de energia no país, passará a 23%, até 2020. Em uma década, ela será responsável por 45% do aumento da oferta de energia no sistema elétrico brasileiro e se tornará um dos motores do crescimento.

CONTROVÉRSIAS
Para acelerar a implantação dos projetos, o governo federal estuda uma série de mudanças legais. Entre elas estão a concessão expressa de licenças ambientais, a criação de leis que permitam a exploração mineral em áreas indígenas e a alteração do regime de administração de áreas de preservação ambiental.

Há ainda no Congresso um projeto de lei que, caso seja aprovado, tornará obrigatória a construção de hidrelétricas juntamente com as eclusas, viabilizando o transporte hidroviário.

O atual modelo prevê a construção das usinas e somente a apresentação do projeto da eclusa, obra que deve ser feita pelo governo. O avanço sobre a Amazônia gera controvérsias entre ambientalistas, que acusam o governo de repetir um modelo de desenvolvimento não sustentável e que conduz a região ao colapso social. Para os ambientalistas, as obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Porto Velho (RO), e de Belo Monte, em Altamira (PA) são exemplos.

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