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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Às margens da usina de Tucuruí, 12 mil famílias vivem sem energia

Essa é para os meus amigos de São Paulo, do “Sul Maravilha”, nas palavras do Henfil, e que discutem sobre as coisas da Amazônia tomando cerveja em frente da TV, no Globo Reporter, com Ar-condicionado ligado.

Quando questiono os projetos de Hidrelétricas e outros grandes projetos na Amazônia, e especificamente no Pará, é justamente essa questão que me deixa indignado, pois o que fica para a Amazônia (e o Pará) são as externalidades sociais e ambientais, e nem ao menos a população local e regional consegue se beneficiar dos MEGAWATTS produzidos, afinal nem temos demanda industrial ou domiciliar para essa energia, a não ser os enclaves de mineração e outros exploratórios, que pouco ou nada deixam de desenvolvimento na região, levando os recursos naturais para fora e apropriando os recursos financeiros decorrentes também fora já que acionistas e investidores não tem sede aqui e não pagam impostos aqui. Muitos desses projetos nem compram nada aqui com a justificativa de que os fornecedores não estão preparados.

E ainda vem divulgar um e-mail absurdo dizendo que o Pará vive às custas das economias do Sul, e São Paulo é a locomotiva do Brasil? Com que ferro essa locomotiva foi construída? Com que braços e mãos?
 
Por: Aguirre Talento Fonte: Folha de São Paulo
7 de janeiro de 2013
Do quintal de casa, em um terreno à beira do lago da hidrelétrica de Tucuruí (525 km de Belém), a agricultora Maria Assunção, 74, vê as luzes do centro da cidade a quilômetros de distância, sob a iluminação de uma lamparina.

No escuro, Assunção inveja a eletricidade: mesmo com a usina tão perto, a luz não chega até sua casa.

Quase 30 anos após a inauguração de Tucuruí, maior hidrelétrica situada 100% em território brasileiro, cerca de 12 mil famílias que vivem no entorno do reservatório ou nas 1.600 ilhas do lago não têm acesso à rede elétrica, segundo a prefeitura.
Maria Assunção, 74, com a lamparina que usa à noite em sua casa, às margens da usina de Tucuruí, no Pará

As raízes do problema remontam à construção da usina, iniciada em 1975. A área do lago foi sendo ocupada irregularmente na década de 1980 por famílias expulsas pela construção da usina e por novos moradores que chegavam à região.

A eletricidade foi se estabelecendo na zona urbana de Tucuruí e, apesar de pleitos dos moradores, não chegou às ilhas, de moradias sem documentação e de custo alto para implantação da rede.

Diante dos anos de espera, alguns instalaram geradores por conta própria.
O terreno de 2.875 quilômetros quadrados (o equivalente a dois municípios de São Paulo) era ocupado por agricultores antes de ser inundado para formar o reservatório usado para gerar energia.

As famílias foram indenizadas e realocadas. “Elas viviam perto do rio, que usavam para locomoção e pesca, e foram jogadas a 300 km de distância, onde havia praga de mosquitos. Não quiseram ficar e voltaram”, disse o prefeito Sancler Ferreira (PPS).

Foi o que aconteceu com Assunção. Insatisfeita, resolveu voltar. “Um dos moradores bebeu a água de lá, ficou com muita coceira e morreu. Ninguém quis mais ficar.”

As partes mais altas formaram essas 1.600 ilhas, ocupadas pelos ex-moradores e por novos habitantes. Nenhum possui título de terra, já que a área é da Eletronorte, empresa do governo federal.

Levar eletricidade às ilhas é promessa recorrente em campanhas eleitorais, jamais cumprida até hoje.

Para a promotora Crystina Morikawa, de Tucuruí, a usina ainda acumula passivo ambiental porque foi concebida em um período em que o direito ambiental era pouco desenvolvido e as exigências para licenciar grandes obras eram menores.
Mesmo tendo sido sede de uma das maiores obras do governo militar, Tucuruí ainda carece de infraestrutura.

Além do problema da luz, ruas e rodovias estão esburacadas e sem asfalto. Segundo a prefeitura, não há rede de esgoto na cidade. Dados do Censo 2010 mostram que 28% dos 97 mil moradores de Tucuruí vivem em favelas.

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