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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Fwd: O rio que voa sobre nós

Água
23 de Março de 2011
postado por Redação EcoD

TEDx Amazônia Antonio Donato Nobre: O rio que voa sobre nós

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Um rio maior que o Amazonas e responsável pelo abastecimento de água doce de todo o sudeste da América Latina está seriamente ameaçado. Esse rio, invisível para muitos, sobrevoa todo o país diariamente, despejando 20 bilhões de toneladas de água doce em uma região que é responsável por 70% do Produto Interno Bruto (PIB) da América do Sul.

Ainda assim, pouco valor é dado a esse rio e, mais grave ainda; existem dezenas de projeto que irão destruir, pouco a pouco, essa fonte incalculável de vida. É sobre esse fenômeno que o climatologista Antonio Donato Nobre debate nesta palestra do TEDx Amazônia.

Esses rios de vapor, produzidos graças à transpiração das 600 bilhões de árvores que habitam a Amazônia, fazem com que a água jorre do solo para o céu em uma quantidade gigantesca.

Para se ter noção, o Rio Amazonas, maior manancial do mundo e responsável por 1/5 de toda a água doce que sai dos continentes e chega aos oceanos, despeja diariamente 17 bilhões de toneladas de água doce no oceano Atlântico, 3 bilhões a menos que os rios voadores.

Além do grande volume de água, as árvores fazem esse trabalho utilizando apenas a luz do sol, o que torna seu trabalho ainda mais eficiente. Segundo Nobre, caso o homem tentasse fazer algo do tipo, ele precisaria de 50 mil usinas como a Itaipu para gerar energia suficiente para evaporar toda essa água.

"Paradoxo da sorte"

Mas por que esse rio é tão importante para nós? Segundo o especialista em clima, no Brasil existe algo que ele batizou de "Paradoxo da sorte". Estudos comprovaram que as regiões localizadas a 30 graus de latitude ao norte e ao sul das florestas equatoriais são desertos. A única exceção em todo o mundo está no quadrilátero que vai de Cuiabá a Buenos Aires, e de São Paulo aos Andes.

A responsável por esse fenômeno é exatamente a "bomba biótica de umidade", ou seja, os rios voadores que são produzidos na Amazônia e sugados para dentro do continente, "pulsando sobre essa região como se fosse a circulação sanguínea de um corpo".

Para Nobre, observar essa "poderosíssima usina de serviços ambientais" e entender como ela funciona é a única maneira de recuperar o planeta. O climatologista acredita que restabelecendo as florestas é possível recuperar outras áreas, inclusive desertos e, assim, reverter o clima e o aquecimento global.

O palestrante cita uma conversa que teve com Davi Copenaua, representante do povo Yanomâmi. "Ele falou: 'Será que o homem branco não sabe que se ele tirar a floresta vai acabar a chuva? E se acabar a chuva ele não vai ter o que beber nem o que comer?'. 

Quando eu escutei aquilo eu fui às lágrimas porque passei anos estudando isso, com super computadores, dezenas, milhares de cientistas, e a gente só está começando a chegar a essa conclusão e ele já sabe. Com um agravante, os Yanomami nunca desmataram, então como eles podem saber que acaba a chuva?", conta.

Impactado com a simplicidade e grandeza da sabedoria do líder, ele refletiu sobre como a sociedade ocidental, civilizada, precisa mudar seus conceitos e começar a ver as coisas com seus próprios olhos, "ou vamos continuar vivendo na ignorância".

Nobre conclui sua palestra fazendo uma proposta aos ouvintes: "Vamos virar o Hubble (Telescópio Espacial) de ponta-cabeça, e vamos fazê-lo olhar para cá, e não para os confins do Universo. Vivemos num Cosmos desconhecido e estamos tripudiando esse Cosmos maravilhoso que nos dá morada e abrigo. Vamos olhar para a Terra e vamos começar pela Amazônia. Vamos olhá-la bem de perto, já que a gente precisa disso".

Por fim, ele lembra que os seres humanos tem a "arrogância da tecnologia" e esquecem o nível de evolução da natureza. Para Nobre, as células-vivas são a base de existência de todas as maravilhas do mundo. "Todos nós temos 100 trilhões dessa máquina no nosso corpo, imagina o que tem lá na floresta Amazônica", conclui.

Assista à palestra na íntegra:

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