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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Por que empresas podem ser chamadas de “organismo vivo”?

Por em 15/05/2012 às 13:05

 

Da mesma forma que organismos vivos, as organizações precisam se organizar em subsistemas inter-relacionados, num estado de interação e inter-dependência. Assim, um organismo vivo, uma organização, um grupo social são sistemas completamente abertos, pois não tem como sobreviver sem as trocas com o meio em que estão inseridos. Muitos dos conceitos usados comumente nos organismos vivos foram adaptados para a organização como a diferenciação e integração. Com relação à esse aspecto, Lawrence e Lorsch  argumentam que as empresas, para fazer frente aos desafios externos, vão se segmentando em unidades, cada uma tratando de alguma parcela. No entanto ao se dividir em áreas a organização precisa fazer um esforço para manter a unidade, facilitar a tomada de decisões e a implementação de estratégias. Para eles os autores anteriores “deixaram de ver que o ato de segmentar a organização em departamentos influenciaria o comportamento dos membros da organização em vários aspectos” .

Os estudos de Joan Woodward, encontraram sobretudo uma grande diferenciação nos relacionamentos quando havia diferenças tecnológicas. Foram estudados os controles gerenciais do ponto de vista pessoal e impessoal e o grau de fragmentação do controle, chegando à conclusão de que a tecnologia é o principal fator para a organização da estrutura. Outra importante variável é a estratégia adotada. Estudo neste sentido foi conduzido por Alfred Chandler, que concluiu que “…a estrutura acompanha a estratégia e que o tipo mais complexo de estrutura é resultado da articulação de várias estratégias .

Aliás, a interação da organização com o ambiente têm se revelado uma rica fonte de pesquisa entre os estudiosos das organizações. Pata Hatch o estudo se divide em quatro teorias: teoria contingencial, teoria da dependência de recursos, ecologia populacional e teoria institucional. A teoria contingencial pressupõe que organizações são sistemas abertos que necessitam equilibrar necessidades internas enquanto se adaptam à circunstâncias ambientais.

A teoria contingencial é um guarda-chuva que não só concentra os trabalhos de Burns e Stalker, Chandler, Lawrence e Lorsch mas ainda Mintzbberg, Peters, Waterman e Kanter. A teoria da dependência de recursos desenvolvida por Jeffrey Pfeffer e Gerald Salanick argumenta que as relações de dependência com os atores externos é que definem os rumos da organização, que deve monitorar as variáveis pertinentes e adotar contra-medidas.

Quanto à ecologia populacional, a esfera de análise se expande para incluir outros agentes, como governo , sindicatos, parceiros, concorrentes e outros grupos de interesse. Outras teorias e conceitos contingenciais inovadores como a adhocracia, a estrutura matricial, saúde organizacional, desenvolvimento organizacional (DO) completam o conjunto da abordagem.

Considerações finais
A metáfora da empresa vista como um organismo que se relaciona com o ambiente e que deseja acima de tudo sobreviver, ampliou enormemente os estudos das organizações. Além disso, a inclusão de variáveis antes esquecidas, possibilita uma avaliação mais completa e uma determinação mais clara das ações, estratégias, estrutura, formas de gestão e grau de formalização necessário.

Um aspecto que não pode ser esquecido é o declarado potencial de conflitos internos, que podem acontecer entre a parte mecanicista e a orgânica, entre os níveis hierárquicos e funcionais e entre os pares da estrutura diferenciada. Sobre este tema, os autores ilustram casos de como algumas empresas conseguiram contornar os problemas através de uma interação e técnicas de gestão de conflitos.

A conclusão é que não existe a melhor forma de se organizar, pois isso depende do tipo de tarefa ou do ambiente dentro do qual a organização está inserida.

Fonte(s):
. CHANDLER, A. Introdução a Strategy and structure. In: McCRAW, Thomas K. (Coord.) Alfred Chandler: ensaios para uma teoria histórica da grande empresa. Rio de Janeiro: FGV, 1998. p. 123-140.
. HATCH, M. J. The environment of organizations. In: _______.Organization Theory: Modern, symbolic and Postmodern Perspectives. New York: Oxford University Press, 1997. p. 63-97.
HICKSON, D.J.; PUGH, D.S. Alfred Chandler. In: _______. Os Teóricos das Organizações. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. p. 3-8.
. LAWRENCE, Paul R.; LORSCH, Jay W. Fundamento e abordagem do estudo. In:_______. As empresas e o ambiente: diferenciação e integração administrativas. Trad. de Francisco M. Guimarães. Petrópolis: Vozes, 1973. p. 17-39.
. MERTON, Robert. K. Estrutura burocrática e personalidade. In: CAMPOS, Edmundo (Org., introd. e trad.). Sociologia da burocracia. 2 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1966. p. 107-124.
. MORGAN, G. A Natureza entra em Cena: As organizações vistas como organismos. In: _______. Imagens da Organização. São Paulo: Atlas, 1. ed. 1996: 9ª tiragem. p. 43-52.
. MOTTA, Fernando C. P.; Pereira, Luiz C. B. A Organização burocrática. In: _______. Introdução à organização burocrática. São Paulo: Brasiliense, 1987. p.15-38.
. PUGH, D.S.; HICKSON, D.J.; HINNINGS, C. R. Joan Woodward. In: _______. Writers on organizations. [S.I.]: Penguim Books, 1983. p. 24-
. SCOTT, W.R. Weber’s theory of bureaucracy. In: _______. Organizations: Rational, Natural and Open Systems. New Jersey: Prentice Hall, 1998. p. 42-49.
15. WEBER, Max. Os fundamentos da organização burocrática: uma construção do tipo ideal. In: CAMPOS, Edmundo (Org., introd. e trad.). Sociologia da burocracia. 2 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1966. p. 15-28.
Autor, desconhecido

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