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sábado, 27 de outubro de 2012

Administrador de 24 anos lança startup que ajuda outras startups

24 de outubro de 2012, às 19h45min

Criado pelo brasileiro Anthony Eigier e mais dois sócios, projeto chamado Tree Labs funciona como uma aceleradora para desenvolver novos empreendimentos

Por Fábio Bandeira de Mello, Administradores.com
Existe uma grande tendência atual sobre a criação de startups. Jovens se unem com grandes ideias e tentam criar produtos e serviços inovadores para apresentar a determinado público-alvo. No entanto, muitas dessas novas empresas esbarram nas dificuldades naturais da criação e manutenção de um negócio. Falta de investimento e planejamento são grandes vilões que assombram esse tipo de empreendimento.
Com 24 anos e formação em Administração pela Northwestern University, Anthony Eigier é um desses jovens que também decidiu abrir uma startup. Porém, o seu projeto tem um dado curioso: o objetivo é, justamente, fazer com que outras startups deem certo e superem essa barreira inicial de abertura.

Junto com mais dois sócios - Cesar Mufarej e Rogério Silberberg – Anthony criou a Tree Labs. Uma aceleradora com o intuito de transformar novas ideias e oportunidades de negócios em empreendimentos de potencial. Uma vez aprovadas, as empresas escolhidas recebem acesso a uma série de benefícios, além de um capital inicial de R$ 11 mil. O conceito, que ainda é recente no Brasil, estará formando sua primeira turma no final desse ano em São Paulo.
O Administradores.com conversou com Anthony Eigier para entender um pouco mais sobre como funciona esse projeto e as potencialidades das startups no mercado brasileiro.
Foto: divulgação

Explique um pouco melhor a Tree Labs: ela realmente é uma startup que ajuda outras startups?

Exatamente. O que nossa startup faz é ajudar empresas digitais nos primeiros meses de vida da empresa. É dar suporte e basicamente, tudo o que elas precisam para conseguir se desenvolver. Por exemplo, todas as empresas trabalham no mesmo escritório. Todas elas recebem contato, advogado e designer de graça. Recebem servidores, software e vários serviços agregados para uma startup avançar.

Ela funciona, então, como se fosse uma espécie de incubadora?

A gente na verdade se considera uma aceleradora. Existem algumas diferenças entre os dois conceitos. Uma aceleradora, por exemplo, é aquela que cria um programa de tempo já pré-determinado com suporte em vários níveis desde o acesso a mentores e investidores.
Uma característica comum é que as aceleradoras acabam focando mais em empresas digitais pelo know-how das pessoas envolvidas. Além disso, por ser um curto período de tempo, faz mais sentido trabalhar com empresas que tenham agilidade e flexibilidade nesses quatro, seis meses de duração. Enquanto nas incubadoras, as empresas passam anos fazendo estudo de laboratório. Então acabam sendo perfis diferentes.

Como surgiu a ideia do Tree Labs? Quando foi lançada?

Oficialmente a gente lançou o Tree Labs em março desse ano. No entanto, começamos a estruturar a empresa em setembro de 2011. Surgiu de uma oportunidade minha e do meu sócio César de investir em uma empresa digital. No entanto, percebemos que faltava muita estrutura, ela tinha dificuldade de ter um crescimento sustentável e, conversando com muitas pessoas, percebemos que isso era um panorama geral de muitos novos empreendimentos. Então percebemos que de vez arrumar e estruturar uma empresa, podíamos transformar isso em nosso negócio.
Então surgiu a ideia de preencher essa lacuna: o de alto nível de empreendedorismo do Brasil com o nível de suporte e acesso a capital que existe. A ideia é melhor isso, fazer com que empresas nasçam de um jeito mais organizado, saibam ser fiscalmente inteligentes e realmente cresçam para ser competitivas em nível global.

Você falou que geralmente buscam empresas digitais. Mas, qual exatamente o perfil que procuram?

O perfil exato que procuramos é uma equipe de execução ótima, que tenha capacidade de estar sempre aprendendo, sempre melhorando e apresentando mais.

A gente não limita pelo tema da empresa e sim pela equipe. A equipe conseguir demonstrar que tem a capacidade de executar o que está prometendo e buscar sempre a melhora é o mais importante. O tema não tem muito o que focar.

Vocês estão trabalhando no momento com cinco startups: Agendor, Assiname, ClickArq, Logovia e Recruto. Como vem sendo esse trabalho de consultoria com as empresas? Quais são expectativas?

As expectativas têm sido extremamente superadas. Estamos chegando próximo do final do primeiro programa e todas as empresas estão em um ritmo forte, o que para nós é maravilhoso. Historicamente, se pegarmos outras aceleradoras no mundo, muitas empresas não chegam até o final do programa. O interessante é que todas aqui estão saudáveis e chegarão até o final com grandes chances de captar recursos.

Ao final do programa, qual é o processo? Elas se apresentam a um grupo de investidores?

Sim. Após a formatura do programa, as empresas se apresentam a um grupo enorme de investidores, sejam eles investidores-anjos, investidores de mercado e até executivos que tenham interesse para suas empresas por sinergias estratégicas. Mas ao longo do programa inteiro, desde a primeira semana, ele já estão em contato com os investidores. Nós acreditamos ser importante eles já ficarem familiarizados com isso.

Ninguém investe porque gostou na hora e compra. É como se fosse um namoro. Então há sempre confraternizações informais para eles conhecerem as empresas, baterem um papo e, se algum deles gostou de uma empresa, marcamos uma 2ª reunião, uma 3ª reunião.

O mercado de startups no Brasil e, consequentemente, o número de empreendedores tem crescido significativamente. A que motivo você credita esse crescimento?

Tem várias coisas que tem ajudado esse crescimento. Cases de sucessos é um deles. Você vê, por exemplo, o Facebook fazendo IPO a bilhões e empresas da noite do dia se tornando grande... isso anima um pouco o espírito das pessoas. Existe também outro fator que é onde está a expectativa das pessoas. Há 10 anos, a expectativa de muitas que desejam ter uma carreira de ascensão rápida iam automaticamente para o setor financeiro. Só que o glamour do mundo financeiro caiu muito após a crise e as pessoas começaram a procurar outros caminhos. O mundo digital é um deles.

Trabalhando com tantas startups ao mesmo tempo, quais características você vê como fundamentais para os empreendedores obterem sucesso?

A característica fundamental, podemos dizer que é um conceito americano chamado "scrapness". É um conceito do cara se virar e conseguir resolver um problema. Por que a vida do empreendedor é acordar com muros a sua frente e dar com a cara nele o dia inteiro. Então, tem que ser uma pessoa que deve entender que vai dar essas cabeçadas, mas que deve procurar uma alternativa de passar por ele – que não vai desistir. Nunca diga não. Tem que estar sempre disposto a aceitar o desafio.

Você tem apenas 24 anos e já mostra uma capacidade bem interessante de visar negócios. A pouca idade ajudou ou prejudicou em algum momento ao lançar esse negócio?

Normalmente tem ajudado. A gente não está aqui como o cara que sabe tudo, conhece tudo e resolve tudo. Como foi dito bem no início, nós somos uma startup que ajuda outras startups. E o fato de ser jovem, consegue transmitir esse conceito. Ninguém vê a gente como chefe. Eles sabem que se alguém tiver alguma dúvida, colocam na mesa para e vamos sentar todos juntos para discutir. Colocar mais cabeças inteligentes para tentar resolver um problema.

Você estudou na Northwestern University, em Chicago, e teve a possibilidade de se formar em mais de um curso ao mesmo tempo, sendo um deles Administração. Que lições desse último curso você vem colocando em prática no dia a dia do seu trabalho?

Ter aulas diretas sobre empreendedorismo ajuda extremamente no dia a dia do negócio. Isso é uma coisa interessante. Por que a maiorias dos cursos em instituições de ensino americano dão aulas de como abrir um negócio, como entender as finanças, coisas que são sempre muito voltadas ao empreendedorismo. Enquanto as universidades do Brasil, ainda estão tentando enquadrar isso por aqui. Ter aulas voltadas para o empreendedorismo no Brasil seria muito importante para desenvolver essa bagagem nos profissionais formados no país. 
http://www.administradores.com.br/informe-se/entrevistas/negocios-economia/administrador-de-24-anos-lanca-startup-que-ajuda-outras-startups/100/

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